20/09/2017 - 13:08
A seca no Distrito Federal (DF) já chega a 121 dias e a população vive a expectativa da chegada do período chuvoso. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é que chuvas isoladas ocorram em algumas áreas do DF nas próximas quinta (21) e sexta-feiras. Durante a estiagem, ocorreram muitas queimadas e baixa significativa no nível dos reservatórios, na capital e em regiões administrativas.
De acordo o Inmet, havia previsão de chuva para hoje (20), mas a possibilidade perdeu força. ”Esperávamos que a umidade vinda do norte do país chegasse hoje, aqui no Distrito Federal, mas perdeu força devido à massa de ar seco, que impede a formação de nuvens”, disse o meteorologista Mamede Luís.
Embora possa parecer que o período chuvoso esteja demorando para começar, ainda está dentro da média.“Pela climatologia, é na segunda semana de setembro que começa o período chuvoso. Ainda estamos dentro do esperado”, informou o meteorologista.
Segundo o Inmet, o maior período de estiagem que o DF enfrentou foi de 164 dias no ano de 1963.
Mudança de hábitos
A seca e o calor interferem diretamente no cotidiano da população. O esportista Carlos Domingues, de 50 anos, morador de Águas Claras, vai ao Parque da Cidade às segundas, quartas e sextas-feiras, para jogar vôlei com amigos. Segundo Calos, o clima quente gera mais desgaste físico: “O quanto mais cedo possível é o melhor horário para praticar esporte. Chego às 7h e fico até as dez. Com o calor forte, percebo que o cansaço bate mais rápido” relatou.
Gestante de três meses, a empresária Danielle Soares, de 29 anos, disse que, por recomendação médica, voltou a praticar esportes (corrida e caminhada) para ter uma gravidez mais saudável, mas que o clima tem dificultado a atividade. “O ressecamento da gargante e do nariz atrapalham muito. O clima seco e quente me deixa mais irritada, por isso vim [ao parque] o mais cedo possível”, disse.
Comportamento nos ônibus
As altas temperaturas também alteram o comportamento dos usuários do transporte coletivo, assim como dos condutores e cobradores. Motorista de ônibus há 21 anos, Elias Barbosa, d 39 anos, leva sempre uma garrafa com água para se hidratar durante as viagens. “O clima seco e quente desidrata muito. Entre uma viagem e outra, aproveito para encher a minha garrafa” disse.
Elias também diz perceber alteração no comportamento dos passageiros nos dias mais quentes. “O forte calor e a espera nas paradas, muitas das vezes, estressam os passageiros” afirmou. “Quando ocorrem estresses, temos que levar na tranquilidade, sem ‘bater de frente’. Muitas vezes temos que ficar calados para evitar conflitos com os passageiros. Procuro controlar o meu humor.”
Mesmo com estresses provocados pelo calor, o motorista Elias disse preferir a estação quente. “Prefiro essa estação. O período chuvoso dificulta a visibilidade e a condução do ônibus; é mais perigoso para a gente que trabalha no transito”, concluiu.
Venda de água
Nem todas as pessoas têm o hábito de levar consigo uma garrafa d’água para se hidratar. O maior consumo de água no período do calor, além de recomendável, é bom negócio para os vendedores ambulantes. Para garantir o sustento, o autônomo Elvis Lima, 26 anos de idade, vende água na Rodoviária do Plano Piloto e em faróis, nas ruas. “Nessa época do ano, eu consigo vender até 40 garrafas de 500 ml por dia”, relatou.
É devido ao clima quente que Elvis consegue melhorar sua renda. “Por causa da falta de emprego, eu sou autônomo, Também vendo cerveja em eventos, mas eles só acontecem nos finais de semana. É com a venda de água que consigo ajudar nas despesas. Ganho em média entre 80 e 100 reais todos os dias, tudo graças ao calor”, constatou.
A recomendação médica é que, em média, o ser humano deve consumir dois litros de água diariamente.