Após pouco mais de 20 anos presa, Suzane von Richthofen, de 39 anos, foi solta nesta quarta-feira (11/01). Condenada por envolvimento no assassinato dos pais, um crime que chocou o país, Suzane conseguiu deixar a prisão depois de a Justiça ter concedido a progressão de sua pena para o regime aberto.

Ré confessa, Suzane foi condenada em 2006 a quase 40 anos de prisão pelo assassinato, quatro anos antes, dos pais Manfred e Marísia, em São Paulo. Ela cumpria pena na penitenciária feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no interior de São Paulo.

Apesar de o caso correr sob segredo, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou que foram cumpridos os requisitos estabelecidos pela Lei de Execução Penal e, por isso, houve a progressão da pena de Suzane. Desde 2017, ela tentava ir para o regime aberto.

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Em regime aberto, Suzane cumprirá o resto da pena fora da prisão, ficando sem vigilância, e pode trabalhar, estudar ou exercer atividades autorizadas, mas deve permanecer recolhida durante a noite e em dias de folga no endereço que foi designado. Ela não pode ainda deixar a cidade onde reside sem autorização judicial, precisa cumprir os horários de trabalho e deve se apresentar à Justiça quando determinado.

Desde 2015, ela cumpria pena em regime semiaberto, no qual podia deixar o presídio durante o dia para trabalhar ou estudar, mas tinha que voltar à noite para a penitenciária.

O Ministério Público afirmou que pretende recorrer da decisão que concedeu a Suzane o regime aberto.

O crime

Em 31 de outubro de 2002, os pais de Suzane foram mortos com golpes de barra de ferro no quarto onde dormiam, em sua casa na zona sul de São Paulo. A polícia, inicialmente, trabalhou com a hipótese de latrocínio – roubo seguido de morte. Na casa, no entanto, não havia sinais de arrombamento, e os sistemas de vigilância interno e alarmes estavam desligados no momento do crime.

Poucos dias depois do crime, o então namorado de Suzane, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Christian, compraram uma moto pagando parte do valor em dólares, o que levou a polícia a desconfiar da dupla.

Em 8 de novembro de 2002, os irmãos Cravinhos e Suzane foram presos. Os três confessaram ter planejado e cometido o crime. Suzane facilitou a entrada dos irmãos na casa, que executaram o assassinato enquanto o casal Richthofen dormia. Os irmãos disseram que mataram o casal a pedido de Suzane, que na época estudava Direito.

Eles alegaram que os assassinatos foram cometidos porque os pais de Suzane não aceitavam o namoro da filha com Daniel, pelo fato de ele não ser de família rica. Além disso, disseram que pretendiam ficar com a herança da família depois do crime.

No dia do crime, pouco antes dos assassinatos, Suzane e Daniel tiraram o irmão dela, que tinha 15 anos, da casa e o deixaram num cybercafé. Ele não sabia dos planos da irmã.

A vida na prisão

Em 2006, Suzane foi condenada a 39 anos e seis meses de prisão pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas, e fraude processual, por ter alterado a cena do crime.

Ao longo dos 20 anos em que esteve presa, Suzane conseguiu a revisão da pena para 34 anos e 4 meses de prisão. Sua rotina de trabalho e estudos dentro da prisão contribuiu para a redução da pena. Após passar para o regime semiaberto em 2015, Suzane saiu do presídio pela primeira vez no ano seguinte, durante a saída temporária de Páscoa.

No final do ano passado, Suzane trabalhava com corte e costura e produzia artesanato durante o dia, na própria penitenciária, e saía no período da noite para cursar Biomedicina numa faculdade em Taubaté.

cn/lf (ots)