O dólar à vista interrompeu nesta quarta-feira, 17, uma sequência de cinco sessões consecutivas de ganhos e fechou a sessão em baixa ante o real, em sintonia com o recuo da moeda norte-americana no exterior e com investidores realizando os lucros mais recentes.

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O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,2445 na venda, em baixa de 0,46%. Em abril, no entanto, a divisa acumula alta de 4,56%. Veja a cotação do dólar hoje.

Enquanto isso, no mercado de ações, o Ibovespa marcou sua sexta queda seguida, com o tom negativo prevalecendo nas bolsas dos Estados Unidos, sem que o avanço nos papéis de Vale e Petrobras, de grande peso no índice, conseguisse mantê-lo no azul.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa teve variação negativa de 0,16%, a 124.191,79 pontos, de acordo com dados preliminares. Na máxima do dia, chegou a 125.300,97 pontos. Na mínima, a 123.641,94 pontos.

Cenário

Pela manhã, em meio ao recuo das cotações no exterior, o dólar à vista oscilava em baixa ante o real no Brasil, com investidores aproveitando a alta superior a 5% nos cinco dias úteis anteriores para vender moeda e embolsar parte dos lucros.

“Houve uma realização de lucro, e todo mundo estava esperando por isso”, comentou durante a tarde Thiago Avallone, especialista de câmbio da Manchester Investimentos, ao justificar a queda do dólar ante real.

“Ainda assim, continuo achando que o cenário segue desfavorável ao real. Estamos numa espécie de tempestade perfeita, em que os dados lá de fora postergam o corte de juros pelo Federal Reserve e o governo brasileiro segue gastando mais do que deve, alterando as metas de (resultado) primário”, acrescentou.

Na segunda-feira, o governo anunciou redução da meta fiscal para 2025 de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para zero, o que foi mal-recebido pelo mercado.

As preocupações com a área fiscal voltaram a fazer preço durante a tarde desta quarta-feira, em especial no mercado de juros futuros, após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicar que a incerteza pode reduzir o ritmo de cortes da taxa básica Selic.

Além disso, Campos Neto defendeu que o Brasil tem uma taxa de câmbio flutuante e por isso o BC só deve intervir no dólar em casos de disfuncionalidades.

“Pensamos que o câmbio é flutuante, e isso é muito importante, é um absorvedor de choques que tem uma função muito relevante ao nos dizer onde a demanda por proteção está e o porquê”, disse o presidente do BC em reunião com investidores em Washington, nos EUA.

“Não reagimos ao fato de que as pessoas estão reprecificando nosso prêmio de risco”, acrescentou.

Na prática, Campos Neto afastou especulações presentes no mercado nos últimos dias de que o BC poderia — ou deveria –realizar leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) ou operações extras de swap para conter a escalada do dólar.