O mercado financeiro não perdoou o prejuízo bilionário anunciado na noite de quinta-feira, 22, pela BRF. No início do pregão desta sexta, 23, as ações da empresa alimentícia chegaram a despencar mais 8%, sendo negociadas a R$ 28,40. Às 12h30, o valor de mercado da BRF caiu para R$ 24,24 bilhões. No final do pregão do dia anterior, após uma alta de 2,41%, a companhia estava avaliada em R$ 25,17 bilhões.

Na noite anterior, a BRF anunciou um prejuízo líquido de R$ 784 milhões no quarto trimestre de 2017. Em todo o ano, o prejuízo somou R$ 1,1 bilhão. O Ebtida (sigla em inglês para Lucro antes de Taxas, Juros, Depreciação e Amortização) somou R$ 499 milhões. No ano, esse valor foi de R$ 2,6 bilhões. A receita líquida do grupo chegou a R$ 8,9 bilhões no quarto trimestre e a R$ 33,5 bilhões no ano de 2017.

O Ebtida e a receita poderiam representar algo positivo para os acionistas, pois a geração de caixa pode ser encarado como um indicativo da saúde financeira do grupo. Porém, não é assim que o mercado está vendo a situação. Na visão dos analistas, a companhia possui problemas financeiros, causados em boa medida pela crescimento da alavancagem, que estão minando a capacidade de apresentar resultados finais positivos.

A BRF nasceu da fusão entre Sadia e Perdigão após a crise de 2008. O principal motivo foi a quase falência da Sadia, que apostou no mercado imobiliário americano e não conseguiu deixar os ativos à tempo do estouro da crise do subprime, como eram chamadas as hipotecas podres.

Abílio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF, afirmou em teleconferência com analistas que também foi surpreendido pelo tombo no balanço fechado de 2017. Isso porque, no terceiro trimestre do ano passado, a companhia havia conseguido reverter prejuízo para lucro. “Temos de recuperar a credibilidade”, afirmou.

Carne Fraca

Em 2017, a BRF também se viu envolvida em um escândalo que prejudicou sua imagem no Brasil e no mundo. A operação da Polícia Federal, denominada Carne Fraca, teve como alvo alguns frigoríficos da companhia e apontou supostas adulterações de produtos.

Em comentário publicado junto do comunicado, José Drummond Jr, diretor presidente global da BRF chamou a atenção para as dificuldades enfrentadas pela BRF e o setor no último ano.

“Enfrentamos um dos momentos mais desafiadores da indústria de alimentos com a deflagração da Operação Carne Fraca, a qual impactou dezenas de empresas do setor, incluindo a BRF, principalmente para o mercado internacional”, afirmou.