Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) – Após a Justiça de São Paulo conceder na terça-feira liminar que suspende a paralisação convocada por profissionais de saúde da rede pública da capital paulista para esta quarta-feira, o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) desistiu, após assembleia na noite de terça, de realizar a greve, ao mesmo tempo em que manteve um protesto marcado para esta tarde em frente à prefeitura.

Na decisão liminar que suspendeu a greve, a Justiça considerou os possíveis prejuízos para a população pela paralisação em meio à pandemia de Covid-19, informou a Secretaria Municipal de Saúde da capital paulista.

O Simesp havia aprovado a greve em assembleia na semana passada. A categoria alega que os profissionais estão sofrendo de exaustão diante da disparada da Covid provocada pela variante Ômicron do coronavírus e pelo afastamento de colegas contaminados pelo vírus. Os profissionais querem que a prefeitura contrate imediatamente mais equipes e garanta condições mínimas de trabalho, entre outras demandas.

Uma reunião na véspera entre o sindicato e a secretaria terminou sem acordo, o que levou as autoridades municipais a recorrerem à Justiça para evitar a paralisação. Segundo a secretaria, demandas dos profissionais de saúde foram atendidas, como promessa de pagamento de banco de horas e a contratação de mais profissionais.

“A gestão municipal obteve na tarde desta terça-feira liminar que suspende a paralisação que o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) havia convocado. A ação movida pelo município visa manter a assistência em saúde à população em um momento crucial de enfrentamento da pandemia de Covid-19”, disse a secretaria em nota.

A secretaria acrescentou que a decisão assinada pelo vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), Guilherme Gonçalves Strenger, alerta para os “graves prejuízos que podem ser causados à população pela paralisação”.

A liminar estabelece que a categoria deve permanecer em atividade, sob pena de multa diária de 600 mil reais em caso de descumprimento, de acordo com a secretaria.

Em nota, o Simesp disse que, em assembleia, 200 médicos aprovaram a suspensão da greve após a decisão da Justiça, mas decidiu manter uma manifestação marcada para esta tarde.

O sindicato também disse que a decisão da Justiça representa um cerceamento ao direito de greve e disse que a categoria só aceitou suspender a paralisação pois a decisão determinou a abertura de negociações sobre as reivindicações da categoria com mediação do Ministério Público.

“O Simesp e a categoria entendem que a ação da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foi arbitrária e um cerceamento ao direito de greve”, disse o sindicato, que pediu que a audiência mediada pelo MP, marcada para 27 de janeiro, seja adiantada.

“As medidas não podem ser para daqui um ou dois meses, têm que ser tomadas agora!”, disse o presidente do Simesp, Victor Dourado, de acordo com a nota do sindicato.

(Reportagem de Eduardo Simões)

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