O volume de serviços prestados no país caiu 0,4% em agosto, interrompendo dois meses seguidos de crescimento. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada nesta sexta-feira, 11, pelo IBGE.

Na comparação com agosto de 2023, o setor teve expansão de 1,7%, quinto resultado positivo consecutivo. No acumulado do ano, o volume de serviços cresceu 2,7%. Já no indicador dos últimos 12 meses, houve avanço de 1,9% em agosto de 2024, mantendo o patamar registrado em junho e julho.

Os resultados ficaram bem aquém das expectativa em pesquisa da Reuters de altas de 0,2% na comparação mensal e de 3,6% na anual.

Agora, o setor está 15% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia), e 0,4% abaixo de julho de 2024, quando marcou o ponto mais alto da série histórica.

Mesmo com a surpresa negativa em agosto, este foi apenas o terceiro mês no ano em que o setor de serviço mostra recuo no volume, uma vez que vem se beneficiando do bom desempenho da economia em meio a um mercado de trabalho positivo e inflação baixa, dando impulso à atividade.

Ao mesmo tempo, no entanto, levanta um sinal de alerta sobre a inflação. O BC no mês passado iniciou um ciclo de aperto monetário com alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a 10,75%, e são esperadas mais elevações nas duas últimas reuniões de 2024.

O que mais pesou

Duas das cinco atividades investigadas tiveram queda em agosto, com destaque para o recuo de informação e comunicação (-1%), em um resultado influenciado principalmente pela perda de 6,6% em serviços audiovisuais.

“A queda da receita dos cinemas está relacionada ao fato de julho ter sido um mês de recesso escolar e ir ao cinema é um programa bem comum nessa época do ano. Assim, tivemos uma queda nas receitas das salas de cinema em agosto frente a julho”, disse o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

A outra retração veio de transportes (-0,4%).

Em contrapartida, outros serviços (1,4%) e serviços prestados às famílias (0,8%) registraram os avanços do mês, com o primeiro ramo assinalando uma expansão de 1,7% no período julho-agosto, enquanto o último alcançou um ganho acumulado de 4,7% entre maio e agosto. Por sua vez, o setor de profissionais, administrativos e complementares ficou estável.

Atividades turísticas ficam estáveis

O índice de atividades turísticas teve variação zero em agosto, frente ao mês imediatamente anterior, após ter recuado 0,8% em julho. Com isso, o segmento de turismo fica 6,9% acima do patamar de fevereiro de 2020 mas 0,8% abaixo do ponto mais alto da série, de fevereiro de 2014.

Na análise regional, a maior parte dos locais assinalaram retração (11 dos 17 pesquisados). As influências negativas mais relevantes ficaram com São Paulo (-0,8%) e Rio de Janeiro (-2,1%), seguidos por Minas Gerais (-1,7%) e Pará (-7,9%).

No acumulado de janeiro a agosto, cresceu 1,5% frente a igual período do ano passado, impulsionado, sobretudo, pelos aumentos de receita obtidos por empresas dos ramos de restaurantes; serviços de bufê; transporte aéreo de passageiros; espetáculos teatrais e musicais; hotéis; e agências de viagens.