O comentarista José Carlos Bernardi, integrante do corpo de jornalistas da Jovem Pan News, foi acusado de antissemitismo após um comentário polêmico realizado ao vivo na última terça-feira (16). Como consequência, ele foi exonerado do cargo que ocupava como assessor de imprensa na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

No comentário, Bernardi tentou fazer uma relação sobre o enriquecimento da Alemanha com o extermínio de judeus e a situação do Brasil nos dias de hoje. Na explicação, ele disse que o Brasil enriqueceria “se a gente matar um monte de judeus e se apropriar do poder econômico deles”, como a Alemanha fez no período do nazismo e do pós-guerra.

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“É só assaltar todos os judeus que a gente consegue chegar lá. Se a gente matar um monte de judeus e se apropriar do poder econômico deles, o Brasil enriquece. Foi o que aconteceu com a Alemanha pós-guerra”, comentou Bernardi no “Jornal da Manhã” de terça-feira (16) durante debate em que ele defendia as posições do presidente Jair Bolsonaro na política externa.

Assessor do deputado Campos Machado (Avante), Bernardi foi exonerado nesta quinta-feira (18). O deputado classificou a fala do assessor como “infeliz” e que sua boa relação com a comunidade judaica impedia a permanência do jornalista no gabinete. Bernardi estava na Alesp desde 2007 e passou a trabalhar para Campos Machado em 2014 – seu último salário foi de R$ 12 mil.

“Quero informar que, hoje mesmo, em comum acordo com o profissional José Carlos Bernardi, decidimos que não havia mais condições dele permanecer em meu gabinete, me restando determinar, de imediato, hoje mesmo, as devidas providências para a sua imediata exoneração do cargo que ocupava”, disse Campos Machado em comunicado.

A fala de Bernardi levou o Ministério Público a instaurar procedimento solicitando que a Jovem Pan envie a gravação original do programa para apurar eventual crime de ódio por intermédio de meios de comunicação.

Jornalista pediu desculpas, mas judeus condenaram fala

Em sua defesa, Bernardi disse que tudo não passa de uma mal-entendido e pediu desculpas pelo ocorrido.

“Peço desculpas pelo comentário infeliz que fiz hoje no Jornal da Manhã – Primeira Edição, ao usar um triste fato histórico para comparar as economias brasileira e alemã. Fui mal-entendido. Não foi minha intenção ofender a ninguém, a nenhuma comunidade, é só ver o contexto do raciocínio. Mas, de qualquer forma, não quero que sobrem dúvidas sobre o meu respeito ao povo judeu e que, reitero, tudo não passa de um mal-entendido”, afirmou.

No Twitter, a página “Judeus pela Democracia” elencou as falas do jornalista como antissemita e “burra”, além de apontar a Jovem Pan como canal “oficial” do governo Bolsonaro e da extrema-direita brasileira, promovendo reiteradas falas de outros jornalistas contra a comunidade judaica.