13/02/2020 - 7:02
As vendas de Natal frustraram as expectativas do varejo. Um dia depois da data, a Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop), por exemplo, projetou crescimento de 9,5% nas vendas em comparação com o ano anterior. Na época, houve um mal-estar. O presidente da Associação Brasileira de Lojistas Satélites (Ablos), Tito Bessa, contestou o número da Alshop e disse que não estava “em linha com os resultados dos seus associados”. Posteriormente, a Alshop revisou o crescimento para 7,5%. Na quarta-feira, 12, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que as projeções de várias entidades do varejo estavam superestimadas. Diante do resultado oficial, Bessa disse: “graças a Deus o IBGE veio abençoar a nossa fala”.
Em dezembro de 2019, o volume de vendas do varejo restrito, que não inclui veículos e materiais de construção, avançou só 2,6% em relação ao mesmo mês de 2018, segundo o IBGE. O resultado desconta a inflação.
Motivos.
A disparada da inflação em dezembro, que atingiu 1,15% – o maior resultado para o mês em 17 anos apurado pelo indicador oficial, o IPCA – e o uso pelo consumidor dos recursos extras do FGTS para quitar dívidas e limpar o nome são os motivos apontados por economistas para explicar o desencontro entre as projeções dos varejistas e a realidade.
“Só pode ter sido isso, ninguém esperava uma inflação tão alta em dezembro”, afirma o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes. A entidade que representa todas as federações do setor, projetava avanço real de 5,2% só das vendas de produtos de Natal. A premissa da estimativa era que boa parte do FGTS iria para o consumo, mas isso não ocorreu.
“Houve um exagero nas expectativas do uso do FGTS e do 13.º salário”, observa a economista da ESPM, Cristina Helena Pinto de Mello.
De acordo com o diretor institucional da Alshop, Luis Augusto Ildefonso, a divergência entre os resultados do IBGE e os dados de sua entidade se deve ao universo pesquisado. Os números oficiais de vendas do varejo incluem também as lojas de rua, não apenas as de shoppings. Além disso, ele lembra que o consumidor de shopping normalmente tem maior renda em relação ao cliente do comércio de rua. A Abrasce, que reúne empreendedores de shoppings e projetou crescimento de 5,5%, usa parte do argumento da Alshop para justificar a divergência. Ela informa que o setor é 18,5% do varejo ampliado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.