01/10/2018 - 16:49
Na esteira do novo acordo do NAFTA (agora chamado de Acordo Estados Unidos – México – Canadá), as moedas de Canadá e México abriram o dia em alta elevadíssima ante o dólar americano. A questão vinha sendo motivo disputa entre os três países, com o presidente americano Donald Trump buscando renovar os termos do acordo de 25 anos.
A negociação com o México já estava definida. Faltava o Canadá, que renegociou os termos com os Estados Unidos às vésperas da data limite, no último domingo (30). “É um grande negócio para o três países, que resolve diversas deficiências e erros do NAFTA e abre mercados; Ele irá unir as três nações para competir com o resto do mundo”, disse via Twitter o presidente dos Estados Unidos Donald Trump. “O USMCA é um acordo histórico!” finalizou o mandatário.
Porém não foi só Trump que saiu exultante das negociações. Horas após a notícia de que o acordo havia sido firmado, o preço do peso mexicano e dólar canadense tiveram uma queda expressiva. “O mercado precificou instantaneamente o acordo: Canada e México vão exportar mais para os Estados Unidos, que representa 23,5% da economia mundial”, explica o doutor em economia e professor da FEA-USP, Simão Silber. “É melhor um mal acordo do que uma ótima briga”.
A segunda-feira de manhã viu o peso mexicano subir 0,70% em relação ao Dólar, sendo cotado em 18,54 peso para 1 dólar. Simão faz a ressalva de que o acordo ainda precisa passar por aprovação dos três congressos, mas que o caso fácil de ser resolvido é o mexicano.
“Aproximadamente 75 a 80% das exportações de México e canada são para os estados unidos. O acordo é mais importante para Canada e México do que para os Estados Unidos. Porém o Canadá traz complicações, principalmente na parte de pecuária, especialmente os lácteos, já que os americanos terão entrada mais fácil no país depois do acordo”. Mesmo com a ressalva, o dólar canadense também teve alta na abertura da semana, com aumento de 0,40% ante o dólar.
Porém o professor de relações internacionais da PUC-SP, Laerte Apolinário, lembra que o acordo só entrará em vigor em 2020. “A maioria das mudanças só passa a valer a partir de 2020. Ou seja, ainda é cedo para fazer previsões em relação ao impacto que o acordo terá sobre os fluxos de comércio entre esses países e os preços dos produtos para os consumidores”. Mesmo assim, o anúncio traz sentimento de alívio dos mercados diante das expectativas. “Existiam diversas expectativas dos cenários possíveis, mas o acordo traz estabilidade. Ainda vão acontecer variações mais pontuais, mas o peso mexicano e dólar canadense tendem a se estabilizar no médio prazo”.