12/11/2020 - 16:53
O Nubank publicou na manhã desta quinta-feira, 12, uma carta aberta na qual se compromete com um plano de ações para promover diversidade e inclusão racial, dentro e fora da empresa. O compromisso, que envolve 19 medidas, conta com um investimento inicial de R$ 20 milhões e inclui a abertura de um escritório em Salvador, o primeiro da fintech no Brasil fora de São Paulo, que funcionará como um hub de tecnologia e experiência do cliente.
A carta é publicada quase um mês depois de a companhia ter se envolvido em uma polêmica relacionada a questões raciais. No dia 19 de outubro, durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, Cristina Junqueira, cofundadora da fintech, disse que o Nubank não possuía políticas afirmativas de contratação de pessoas negras, tal como fez o Magazine Luiza recentemente em seu programa de trainee. Segundo ela, o nível da empresa é alto e uma política como essa poderia “nivelar por baixo” a companhia.
A declaração repercutiu mal nas redes sociais e a empresa reconheceu o erro, primeiro em um vídeo publicado por Cristina Junqueira em suas redes sociais, no qual pede desculpas, e depois em uma carta divulgada dias depois pelos três fundadores da companhia. À época, eles anunciaram que fecharam uma parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) para “ampliar nosso entendimento sobre o tema, firmar nosso engajamento público e contínuo e acelerar a promoção da igualdade racial no Nubank”.
Na carta desta quinta, disponível no blog da companhia, o Nubank admite que avançou pouco na pauta racial ao longo da sua história e conta que já iniciou uma revisão de todas as suas práticas de Recursos Humanos, desde a seleção e recrutamento até a avaliação de performance, “de modo a eliminar vieses e barreiras que contribuam para a sub-representação de negros e negras”.
A abertura do escritório em Salvador, segundo o Nubank, vai ajudar a trazer mais diversidade para o quadro de funcionários da empresa e a entender melhor a realidade de milhões de clientes que tem no Nordeste. Além disso, entre as 19 ações listadas na carta, está previsto o lançamento de um programa de treinamento em diversidade e inclusão com conteúdos recomendados para todos os níveis da organização, com a primeira sessão a ser realizada ainda este mês.
“Ficamos muito entusiasmados com o engajamento e a energia de todos no Nubank para aprender mais sobre o tema e agir. Estamos empenhados em formar e atrair líderes negras e negros para as nossas posições de liderança, diretoria e conselho”, afirma Cristina, no documento.
A fintech também começará, em 2021, um programa formal de mentoria e aceleração focado em funcionários negros e outros grupos sub-representados. Também será criado um fundo de investimento semente para startups nacionais fundadas e/ou lideradas por empreendedores negros e negras, em parceria com aceleradora e organizações sociais.
“Queremos influenciar positivamente o mercado de tecnologia com a formação de uma nova geração de programadores negros e negras, aumentando a representatidade desses profissionais no Nubank e em todo o setor”, afirma Edward Wible, também cofundador da empresa.
O CEO da fintech e também um dos fundadores, David Vélez, disse na carta que a empresa aprendeu muito nas últimas semanas em conversas dentro e fora da companhia. “Entendemos a nossa responsabilidade de acelerar as mudanças e estamos felizes de dar os nossos primeiros passos nessa agenda tão importante e urgente de combate ao racismo estrutural”, afirma.