Após terem reaberto o comércio, as regiões de Marília e de Registro, no interior de São Paulo, terão de voltar a fechar suas lojas.

Essas regiões foram reclassificadas pelo governo paulista e agora estarão na fase 1 (vermelha), de maior restrição de atividades por causa da pandemia do coronavírus – e terão que manter a quarentena, na qual somente serviços considerados essenciais, como de logística, saúde, segurança e abastecimento, poderão funcionar.

+ Bolsonaro faz novas críticas à OMS e renova apelos por reabertura
+ Receio dos clientes preocupa lojistas em momento de reabertura 

“Sempre que necessário tomaremos medidas mais duras”, disse o governador de São Paulo, João Doria, justificando a medida. “Hoje, infelizmente, temos regressão. Devido à intensificação da pandemia em algumas áreas do interior do estado de São Paulo, o Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo determinou a reclassificação dessas duas regiões”, acrescentou o governador.

Os dois municípios estavam, desde a semana passada, na fase 2 (laranja), chamada de “controle” pelo Plano São Paulo [plano de retomada econômica do estado].

O Plano São Paulo é regionalizado e dividido em cinco fases. Na fase laranja, as regiões podem reabrir serviços como shoppings, comércio de rua, concessionárias e escritórios, desde que limitem o acesso a 20% do público e o período de funcionamento diário a 4 horas.

Com isso, o estado terá agora cinco regiões classificadas na fase 1 (vermelha). Além de Marília e de Registro, também se encontram nesta situação, desde a semana passada, as regiões de Barretos, Presidente Prudente e Ribeirão Preto. As demais regiões do estado permanecem na fase 2 (laranja).

“O que fica claro é que nessas duas regiões, de Marília e de Registro, teve aumento de internações significativo. Ou seja, na região de Marília aumentou 51% [o número de internações essa semana na comparação com a anterior] e na região de Registro, 67%. Isso aponta para possibilidade de um excesso de casos graves para o sistema de saúde. Então, por isso, essas duas regiões, neste momento, estão classificadas no vermelho. Elas retrocederam em relação ao período anterior”, explicou o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, Carlos Carvalho.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, as regiões de Presidente Prudente, Barretos e Ribeirão Preto, que estão na fase vermelha desde a semana passada, seguindo o que foi estabelecido no Plano São Paulo, já começam a mostrar uma melhora em seus indicadores. “Mas regiões que fazem uma flexibilização maior do que o Plano São Paulo indica, acabam tendo os indicadores piorando, que foi o que aconteceu com Marília e Registro”, disse.

Vinholi afirmou que o governo já destinou respiradores para essas duas regiões e deve enviar mais aparelhos até o final desta semana. “Marília, no dia 12 de junho, tinha variação de internações de 29% e veio para 51%. Agimos nesse período, aumentando a capacidade hospitalar dessas regiões. Já tivemos 41 respiradores distribuídos, somando mais 29 respiradores que serão distribuídos ainda nesse final de semana. Teremos aumentado em 55% a capacidade hospitalar da região de Marília”, destacou Vinholi. “Já colocamos dez respiradores na região de Registro e agora, mais 10 leitos no Hospital Regional do Vale do Ribeira, aumento de 100% na capacidade hospitalar da região”, acrescentou.

Recomendação

As cidades de Campinas e de Sorocaba também apresentaram aumento no número de internações e geraram preocupação no governo. Embora suas regiões estejam com melhores indicadores e estejam classificadas na fase 2 (laranja) do Plano São Paulo, o governo recomendou aos prefeitos de ambas as cidades que voltem a fechar seus comércios, mantendo a quarentena.

“O Centro de Contingência está fazendo uma nota técnica, sugerindo que esses prefeitos possam tomar a atitude de promover o fechamento desses municípios, nesse instante, devido a essa evolução, assim como fez o prefeito de Valinhos, se antecipando à nota técnica e fazendo esse fechamento”, disse Carlos Carvalho.

“Pela média da região, ela ainda está na fase laranja. Mas esses dois municípios estão em uma situação que está apontando para a possibilidade de um grande número de casos no sistema específico daquele município. A regional está com média ainda adequada de leitos, mas esses municípios estão entrando em uma zona mais perigosa”, acrescentou.

Indicadores no estado

Segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, o estado de São Paulo vem melhorando, nas últimas semanas, alguns indicadores relacionados à evolução da pandemia. O Plano São Paulo analisa cinco indicadores: taxa de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI), quantidade de leitos de UTI disponíveis a cada 100 mil habitantes, a quantidade de casos, a quantidade de óbitos e a taxa de ocupação de novas internações.

“A taxa de ocupação de leitos de UTI estava em 69,1% no dia 9 de junho. Ontem (18 de junho) ela estava em 66,5%. Essa é a média do estado. Houve piora em algumas regiões, mas, no geral, fomos de 69% para 66%”, disse a secretária.

O estado, segundo ela, também conseguiu aumentar a capacidade de leitos de UTI para tratamento de coronavírus. Com isso, a capacidade do sistema, que era de 18,1 para cada 100 mil habitantes passou para 19,1 para cada 100 mil habitantes. Já o número de internações evoluiu de 13.181 na semana anterior para 13.100 nesta última semana.