13/11/2023 - 17:48
O diretor do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Valdés, salientou nesta segunda-feira, 13, que a economia latino-americana perdeu fôlego após a recuperação forte do choque da pandemia. Ele observou que as economias da região passaram por um aperto monetário “decidido e apropriado”.
Nas estimativas do FMI, o crescimento da América Latina deve desacelerar de 2,6%, previsto para 2023, para 1,9% no ano que vem. No Brasil, o crescimento deve ser 3,1% em 2023 e 1,5% em 2024, prevê o fundo.
Em apresentação durante evento realizado na Fundação Getulio Vargas (FGV), Valdés considerou que os impactos das adversidades climáticas causadas pelo El Niño tendem a variar entre os países, sendo que para o Brasil deve ser neutro. Os riscos para as projeções do FMI estão mais equilibrados no momento, mas ainda assim o viés é de baixa.
Argentina
O diretor do FMI disse ainda que a situação argentina, que tem eleições presidenciais no domingo, requer políticas fortes e críveis. O quadro argentino, de inflação alta e reservas muito baixas, “requer muitos esforços” de ajuste. “Não será fácil para ninguém ali”, notou, em aparente referência ao próximo governo, a ser escolhido neste domingo. “Mas claramente a Argentina tem muito a ganhar com políticas fortes.”
O representante do FMI não tratou de Argentina em sua apresentação durante evento realizado na FGV, mas foi questionado sobre o país durante as questões. Segundo ele, é do interesse do fundo e dos demais países que o FMI continue a trabalhar com os argentinos. “Precisamos de uma série de políticas críveis, fortes”, comentou.
Ele disse que as economias da América Latina estão perdendo tração após a recuperação do choque da pandemia, mas julgou que os bancos centrais da região agiram corretamente para conter a escalada inflacionária, o que permite agora um relaxamento das políticas monetárias. “Não temos qualquer crítica aos bancos centrais latinos no momento”, assinalou Valdés.
Para o diretor do FMI, o comércio da região, porém, cresce menos do que o seu potencial, dadas as barreiras alfandegárias, isolamento dos países e deficiências em infraestrutura. Nesse sentido, ele pontuou que uma maior cooperação entre as economias poderia destravar o comércio internacional e intrarregional.