15/03/2017 - 21:05
Com o provável atraso no programa de venda de ativos da Petrobras, em decorrência da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de obrigar a estatal a recomeçar do zero diversas operações para corrigir procedimentos considerados irregulares, a companhia será obrigada a ajustar seu plano de negócios. A redução dos investimentos previstos no plano de negócios parece o caminho mais provável, segundo ex-diretores da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
John Forman, da J Forman Consultoria, vê o corte nos investimentos como o mais provável, mas essa decisão trará como consequência um fluxo de caixa menor no médio prazo, já que reduzirá o potencial de crescimento da produção. “A consequência será reduzir, evidentemente, o fluxo de caixa (no médio prazo), o que trará problemas no futuro”, disse Forman.
O consultor é crítico do programa de venda de ativos. Para Forman, diante da dívida de R$ 398,165 bilhões, conforme o nível do terceiro trimestre de 2016, a meta de levantar US$ 34 bilhões (soma das previsões do programa da gestão de Aldemir Bendini com o da atual gestão) parece pouco.
Na visão do consultor, a causa do alto endividamento, que torna a venda de ativos necessária, foi a gestão temerária da Petrobras a partir de 2010, marcada pelo controle dos preços dos combustíveis. “É preciso responsabilizar os gestores que fizeram isso”, disse Forman.
Já para Helder Queiroz, também ex-diretor da ANP e hoje professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, o mais provável é que a estatal, ao se adaptar aos atrasos provocados pelas adequações exigidas pelo TCU, faça uma composição entre corte nos investimentos e busca de mais financiamento. Ou seja, cortar um pouco os investimentos e, ao mesmo tempo, buscar outras fontes de financiamento. O professor lembrou que, no início do ano, mesmo com excesso de endividamento, a empresa conseguiu captar recursos por meio de emissões de títulos no mercado externo.
“A decisão pode se traduzir numa mudança na estrutura de financiamento dos investimentos, porque a companhia usaria esses recursos (da venda de ativos) para investir”, disse Queiroz.