Nos últimos seis anos, o Brasil esteve no topo da lista para entrar no ?menu? da cadeia americana de restaurantes Applebee?s. Mas antes de tirar o pedido, o grupo imprimiu uma verdadeira auditoria. Analisou à exaustão a economia e o potencial dessa atividade por aqui. Afinal, todo cuidado é pouco. Com receita global de US$ 3,6 bilhões e presente em 10 países, a rede não quer repetir o fiasco de outros grupos de casual dinning no País, que erraram a mão no tempero (a TGI Friday?s é o caso mais emblemático) e logo arrumaram as malas em direção ao aeroporto. Isso colocaria em risco sua reputação de líder mundial desse negócio, cujo nome soa estranho a boa parte dos brasileiros. O conceito é relativamente novo, tanto que a Applebee?s tem só 22 anos de idade. Apesar da pouca intimidade, já que o grande representante no País é a rede paulistana Ame-rica, a mecânica é simples. Restaurantes casual dinning são aqueles que combinam preços moderados e atendimento informal. ?É um lugar para passar confortavelmente o tempo?, diz Amir Kremer, diretor para a América Latina e Caribe da rede dos EUA, que visitou o Brasil na última semana. Ele veio dizer que sim, o Brasil fará parte do cardápio a partir de dezembro, quando a primeira loja será aberta no bairro paulistano de Moema.

Fruto de investimentos de R$ 3 milhões, a unidade paulista é a primeira da série de 20 operações que a rede pretende abrir em cinco anos. E como o gasto oscila entre R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões por loja, os franqueados da Applebee?s terão que desembolsar entre R$ 30 milhões e R$ 60 milhões em meia década. E tudo caberá a este time de parceiros, já que a cadeia de casual dinning não será dona de nenhum restaurante aqui. Nada. Tudo ficará na mão de provavelmente quatro franqueados, sendo que dois deles já são conhecidos: o APB São Paulo, que vai cuidar do Estado de São Paulo, e a Apple Nordeste, que tocará o negócio naquela parte do País. Faltam pelo menos dois, cujos nomes são mantidos em sigilo, e os alvos são mercados como Rio de Janeiro e Porto Alegre.

O fato é que o plano estratégico está à mesa. E a posição é tão confortável que o diretor para América Latina assegura: ?Não temos necessidade de ganhar dinheiro rapidamente no Brasil. Demoramos dois anos para selecionar os franqueadores?. Isso é um claro sinal que a rede veio para ficar e que os parceiros terão liberdade para trabalhar calmamente. Tanto que se a projeção otimista for cumprida, em 2009 o grupo terá 20 lojas e vendas de R$ 120 milhões. Mas se a visão pessimista prevalecer, ao cabo de cinco anos a Applebee?s terá 10 unidades e receita de R$ 60 milhões, porque espera-se que cada unidade venda R$ 6 milhões anuais.

?Acreditamos que o Brasil será o primeiro mercado de casual dinning na América Latina?, diz o executivo. E a concorrência concorda com as projeções. Pizza Hut e Outback afirmam à DINHEIRO que a Applebee?s vai aumentar a projeção desse setor por aqui, que ainda é incipiente. Isso se refletirá em maior freqüência nas lojas e em mais vendas. ?Acho ótimo a chegada deles para a profissionalização do setor?, dispara Jorge Aguirre, diretor-geral da Pizza Hut. ?Eles são bons?, diz Peter Rodenbeck, presidente da Outback no Brasil. Mas Amir Kremer garante que o segredo é outro. Está na capacidade de adaptação da rede. Quer uma prova? ?Em Recife, por exemplo, sabemos que o cliente adora varanda, então, o restaurante terá varanda?, diz. A unidade abre suas portas em abril de 2005. É esperar para ver.

R$ 60 milhões é o valor estimado para colocar em
operação as duas dezenas de restaurantes em 5 anos