05/10/2010 - 22:35
Quase um terço do volume financeiro negociado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em 2010 tem saído da carteira de pessoas físicas. As perspectivas para o futuro próximo, segundo analistas, são boas. Por isso, vale a pena entender como negociar ações.
O que é a bolsa?
É um mercado no qual se negociam pequenas partes de empresas, ou seja, as ações. Esses pedaços de cada empresa, as ações, são emitidos por companhias que precisam de capital para investir. A bolsa brasileira é a BMF&Bovespa, terceira maior do mundo em valor de mercado. O Índice Bovespa (Ibovespa) é o principal índice do mercado de ações e mede a variação de um grupo das ações mais negociadas. Quando a bolsa fecha em baixa ou em alta, isso significa que o total (em pontos) dessa carteira naquele dia foi menor (ou maior) do que o valor final em pontos contabilizado no dia anterior.
O que são ações?
São pequenos “pedaços” de uma empresa. Por isso, quem detém ações de uma companhia é dono de uma parte dela – ou melhor, é um dos seus sócios. As ações também são chamadas de papéis.
Quem pode investir?
Qualquer pessoa física ou jurídica que tenha reservas disponíveis para investimento. Segundo Hélio Pio, gerente da área comercial da Ágora, corretora do Bradesco, o mercado está em busca dos novos investidores. “Bancos, corretoras e até a própria bolsa estão criando conteúdos específicos para os iniciantes e interessados em investir em renda variável. Quem está começando agora deve buscar esses conteúdos, perguntar, se informar sobre os riscos e as vantagens”, aconselha.
Investir em ações é um bom negócio?
Em 2009, os papéis da Bovespa valorizaram-se 82,6% – cerca de oito vezes a média de rendimento de um fundo de renda fixa, que foi de 10,35%, e muito mais do que os 6,33% da poupança. Em compensação, em 2008, a queda foi de 41,2%. Analistas gostam de ressaltar que a bolsa não é um lugar para se comprometer recursos dos quais vai se precisar no curto prazo, ou então recursos necessários para gastos essenciais. As perspectivas para o médio e o longo prazo são boas, concordam os analistas. Os principais indicadores financeiros do Brasil mostram que o País tem tudo para atravessar um ciclo de crescimento sustentável, com estabilidade para a economia e oportunidades para as empresas. E uma vez que as empresas lucram mais, seus sócios – ou seja, todos os acionistas – também ganham mais. Mas essas perspectivas podem sofrer mudanças a qualquer momento.
Logo, é importante ressaltar que investir neste mercado exige cautela: é preciso analisar os riscos e contar com a possibilidade de retorno ? e também de perdas ? do investimento no longo prazo.
Como faço para investir na Bolsa?
Há dois caminhos para o investidor comprar e vender ações: via corretora de valores ou bancos. As corretoras são membros das Bolsas de Valores credenciados pelo Banco Central e habilitados a negociar valores mobiliários com exclusividade no sistema eletrônico da Bovespa. Para comercializar ações, portanto, o investidor precisa ser cliente de uma dessas empresas. Já os bancos administram fundos de ações, cestas de ações escolhidas pelo gestor do fundo, que variam conforme os resultados das empresas cotadas na Bolsa. Neste caso, é o banco quem decide quando e como investir.
Posso negociar ações via internet?
Sim. Para isso, é preciso que o investidor seja cliente de uma corretora membro da Bovespa que disponha do sistema home broker. É por meio dele que são feitas as negociações de compra e venda de ações via internet.
O que é home broker?
É a ferramenta que permite a negociação de ações via internet. Ela está interligada ao sistema de negociação da Bovespa e permite que o investidor envie ordens de compra e venda de ações através do site de sua corretora.
Como ocorrem as operações de compra e venda?
Um investidor quer comprar ações de uma determinada empresa; já outro investidor quer vender papéis da mesma companhia. Ambos enviam ordens de compra e de venda, respectivamente, para suas corretoras. Estas, então, transmitem os pedidos para o sistema eletrônico de negociação da Bovespa, que compara todas as ofertas em tempo real. Com milhares de investidores comprando e vendendo ações todos os dias, as operações são fechadas rapidamente.
Existe um valor mínimo para começar?
Não. O valor a ser aplicado varia em função do preço das ações que o investidor deseja adquirir e também das taxas cobradas pela sua corretora. Em geral, porém, a compra é feita por lotes de ações, de 100, 200 ações, etc. Exemplo: se cada ação custa R$ 100 reais, um lote de 100 ações sairá por R$ 10 mil. Porém, algumas corretoras exigem do investidor um valor inicial para a primeira aplicação, que pode chegar a R$ 5 mil.
Quanto eu pago para investir na bolsa?
Existem taxas ligadas às operações e ao serviço de corretagem. A taxa de corretagem pode ser fixa ou variável de acordo com a tabela da BM&FBovespa, e varia segundo a forma como o cliente opera suas ações. Se a operação é feita por telefone, via corretor, a taxa é um porcentual sobre o valor negociado no dia. Se a operação é feita por home broker (internet), ela pode ser um valor fixo por ordem executada.
Há ainda a taxa de custódia, cujo valor é cerca de R$ 10 ao mês. Mas nem sempre as corretoras cobram essa taxa do cliente. A taxa sobre o valor em custódia vale para valores superiores a R$ 300 mil reais. Existem ainda as taxas cobradas pela própria BM&FBovespa, chamadas de emolumentos. Os emolumentos são um porcentual sobre o volume movimentado no dia, em função do tipo de operação realizado. Podem ser de 0,035% sobre o movimentado em operações de compra e venda de ações, e de 0,025% para operações de day-trade (compra e venda no mesmo dia). Como os custos variam de corretora para corretora, é bom fazer uma consulta antes, pois escolha certa pode significar economia. Além disso, vale lembrar que a aplicação em renda variável é tributada a uma alíquota de 15% sobre o ganho de capital, isto é, paga-se sobre a diferença entre o valor da compra e o da venda trinta dias depois da negociação.
Um exemplo real: por uma operação de R$ 23,4 mil por meio de home broker realizada em 5 de outubro de 2010, um investidor pagou: R$ 20 de taxa de corretagem; R$ 6,66 de emolumentos, além de R$ 1,00 de ISS e R$ 1,40 de taxa de liquidação. Daqui a trinta dias, ele também vai pagar 15% de Imposto de Renda sobre o lucro da operação.
Por quanto tempo é preciso ficar com as ações antes de vendê-la?
Não há prazo mínimo nem máximo para que os papéis fiquem nas mãos de um investidor. Exemplo disso é a operação conhecida como “day trade”, em que o investidor vende a ação no mesmo dia em que a comprou. De outro lado, há pessoas que mantêm os mesmos papéis durante anos e até décadas.
Quais cuidados devem tomar os iniciantes?
É preciso ter em mente que o mercado de ações envolve riscos. Ainda que os resultados recentes da bolsa tenham sido bons, os ganhos podem variar devido a conjunturas econômicas, setoriais ou relativas às empresas propriamente. Outro ponto importante: é preciso se manter atualizado. Para isso, é necessário ler publicações com indicadores econômicos e tendências de mercado.
O que é preciso levar em conta no momento do investimento?
É preciso levar em conta três pontos: liquidez da ação escolhida, ou seja, a facilidade de vender os papéis no momento do resgate do investimento; retorno, que são as possibilidades de ganho; risco, ou as possíveis perdas. A combinação desses três elementos determina a ação a ser comprada ou vendida.
Se a corretora intermediária falir como ficam minhas ações?
Suas ações estarão depositadas pela instituição escolhida na CBLC em seu nome e, portanto, caso a instituição escolhida tenha problemas, sua posição será transferida para outra instituição responsável, ou seja, você não corre risco algum de perder seus investimentos em ações.
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