06/11/2019 - 5:35
A Arábia Saudita está negociando com os rebeldes huthis para acabar com a guerra no Iêmen – informou uma fonte do governo de Riade.
“Temos uma via de diálogo aberta com os huthis desde 2016 e seguimos nos comunicando para apoiar a paz no Iêmen”, afirmou a mesma fonte, que pediu para não ser identificada.
O anúncio acontece após uma intensificação dos ataques de mísseis e drones por parte dos rebeldes contra cidades sauditas, seguida por um período de maior calma.
Os rebeldes huthis, que não comentaram até o momento a declaração, têm o apoio do Irã. Eles assumiram o controle da capital iemenita, Sanaa, em 2014 e, depois, de outras áreas do norte do país.
A Arábia Saudita lidera a coalizão que atua militarmente no Iêmen desde março de 2015, com o objetivo de impedir que os rebeldes controlem todo território.
Este anúncio acontece após a assinatura, na terça-feira (5) em Riade, de um acordo para compartilhar o poder no sul do Iêmen, patrocinado pela Arábia Saudita.
“Este acordo abrirá um novo período de estabilidade no Iêmen”, disse o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, durante a cerimônia de assinatura do pacto, transmitida pela televisão.
“É um dia feliz para a Arábia Saudita, já que os dois lados estão juntos”, acrescentou.
Segundo fontes políticas iemenitas e sauditas, o acordo prevê integrar os separatistas do Conselho de Transição do Sul (STC, na sigla em inglês) ao governo e o retorno à cidade de Áden.
O enviado especial da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, parabenizou ambas as partes pelo acordo alcançado que, em sua opinião, estimula os esforços para acabar com a guerra civil que devastou o país.
Em tese, o acordo da véspera representa o fim do conflito entre o governo, apoiado por Riade, e os separatistas do STC, que tem o suporte dos Emirados Árabes Unidos.
“Não fechamos as portas para os huthis”, acrescentou a autoridade saudita, sem dar detalhes sobre as modalidades do diálogo com os insurgentes iemenitas.
Este anúncio ocorre após o ressurgimento dos ataques de mísseis e de drones por parte dos rebeldes contra cidades sauditas, que foram seguidos por um período de maior calma.
“Este acordo não resolverá os problemas e as crises de forma alguma, mas confirmará e consolidará a invasão da Arábia Saudita e seus aliados no sul deste país”, disse o porta-voz do Irã, Abas Musavi, em um comunicado.
“A primeira coisa é parar a guerra no Iêmen e, em seguida, organizar discussões interiemenitas, visando a um acordo que garanta o futuro político do país”, defendeu Musavi.
A Arábia Saudita interveio militarmente nesta guerra em março de 2015, liderando uma coalizão, para impedir que os rebeldes controlassem completamente o vizinho Iêmen.