17/05/2006 - 7:00
A subsidiária brasileira da portenha Arcor é o que se pode chamar de uma devoradora de marcas. Em apenas cinco anos ela gastou US$ 120 milhões em aquisições e também em ações de marketing. A lista inclui a bala Kid’s, o pirulito 7Belo e a paçoca Amor, todas compradas da suíça Nestlé. O movimento foi suficiente para tirar a Arcor da rabeira do segmento de balas e guloseimas e transformá-la em um dos principais fabricantes do setor. Tamanho apetite também se refletiu no faturamento da companhia, estimado em R$ 900 milhões para este ano ? um salto de 350% em relação a 2000. O que adoçou a trajetória da empresa no País foi a utilização de uma estratégia diferenciada. Em vez de seguir a maioria dos concorrentes, que priorizam o ganho de escala e os baixos preços, a Arcor foi além. Apostou na construção de marcas de prestígio e na inovação. Exemplo: o pirulito Beats, com cabo fluorescente que se transformou em febre de consumo entre a garotada que freqüenta baladas noturnas. Com essa estratégia, a Arcor conseguiu abocanhar 20% do mercado de pirulitos, 15% do setor de balas e 36% das vendas de chicle de bola. ?São números expressivos, já que disputamos com 130 concorrentes?, diz Sergio Asís, diretor geral da Arcor.
Para continuar na trajetória ascendente, Asís decidiu ampliar a produção. Investiu R$ 50 milhões para erguer uma fabrica em Suape (PE), que começa a operar em outubro próximo. A terceira planta fabril (as demais estão situadas em São Paulo) vai reforçar a presença da empresa no Nordeste, região na qual é líder com o chicle de bola Big Big. Além disso, a unidade dará suporte às exportações. Hoje, os clientes externos garantem 17% das receitas da área de doces. ?A Arcor é uma das poucas do setor que exportam produtos com a própria marca?, destaca Getúlio Netto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Balas e Derivados.
Mas não são apenas as guloseimas que têm consumido as atenções do diretor geral da Arcor. Desde que firmou parceria com a francesa Danone, em janeiro de 2005, a companhia portenha passou a operar também com biscoitos, sempre com marcas consagradas, como Aimoré. E é nessa área que reside o novo desafio para Asís. Hoje, os biscoitos da empresa estão presentes em 350 mil pontos-de-venda. A idéia do executivo é atingir, até 2007, todos os 500 mil pontos existentes no País. ?Para chegar à liderança é preciso estar em botecos e mercearias da periferia das cidades de porte médio do interior?, diz Asís.