02/11/2020 - 18:11
O Ministério da Economia da Argentina anunciou nesta segunda-feira (2) que o Tesouro deixará de solicitar ajuda ao Banco Central na forma de adiantamentos temporários de dinheiro.
“O objetivo é renovar todos os vencimentos de capital e juros e obter financiamento líquido de mercado de até 10% sobre os vencimentos totais” até o final do ano, informou a pasta, em um contexto de tensão nas finanças públicas que originou uma forte emissão de cédulas.
+ Argentina e Equador precisam de reformas estruturais, alerta FMI
+ Argentina licita bônus para aliviar a pressão cambiária sobre o peso
Em 2020, a gestão fiscal “foi afetada pelos graves impactos da pandemia que se manifestou na contração das receitas públicas e nas necessidades urgentes e inevitáveis de gastos”, explicou o Ministério da Economia.
A Argentina negocia com o Fundo Monetário Internacional um novo programa de crédito, substituindo o acordo assinado em 2018 de cerca de 57 bilhões de dólares, dos quais recebeu US$ 44 bilhões e deixou as outras parcelas em suspensão.
Uma missão do FMI deve visitar Buenos Aires em meados de novembro.
– Proteção a setores vulneráveis –
O Ministério disse que a adequação das políticas orçamentárias, “que significa continuar a proteger os setores em situação de vulnerabilidade, permite avançar na normalização do financiamento do setor público”.
A pasta espera alcançar “uma redução considerável das necessidades de financiamento e crédito do Banco Central ao governo”.
Até 30 de setembro, o déficit primário (antes do pagamento dos juros da dívida) era de 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB) e chega a 6,4% quando somados os juros da dívida.
O projeto de orçamento para 2021 contempla um déficit fiscal primário de 4,5% do PIB, ao qual se acrescenta mais 1,5% do PIB no pagamento de juros da dívida pública. Além disso, prevê um crescimento da economia de 5,5% do PIB e uma inflação anual de 29%.
O câmbio oficial está em torno de 84 pesos por dólar e no mercado paralelo caiu, em uma semana, do recorde de 195 para 169 pesos.
O rígido controle cambial na Argentina limita a compra de dólares para poupança em até 200 dólares mensais por pessoa e impostos que encarecem a moeda.
O mecanismo não surtiu o efeito esperado e a diferença entre o dólar oficial e o negociado no mercado negro ultrapassa 100%.