14/10/2021 - 22:18
Na Argentina, para tentar frear a inflação, o governo do país congela os preços de 1.247 produtos por 90 dias. As empresas de alimentos devem recuar aos preços de 1º de outubro e eles permanecerão inalterados aos consumidores até 7 de janeiro. A expectativa do governo é a estabilização da economia.
Para muitos economistas a medida, que já foi adotada no passado, inclusive no Brasil, continua sem sucesso.
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“Congelamento de preços nunca foi a solução, jamais. Nunca deu certo e nem dará. A medida apenas represa momentaneamente o que vai explodir lá na frente”, disse a economista Elena Landau que foi presidente do Conselho de Administração da Eletrobras e diretora de privatizações do BNDES no governo FHC. Ela classificou a medida como “uma visão errada e incompetente, baseada em políticas intervencionistas”.
“A Argentina já tentou várias vezes e deu errado, o Brasil também. É necessário um plano engenhoso com liderança e bom entendimento de economia”, completa a economista.
“São planos que fogem do normal e quando fracassam causam danos muito graves, diminuindo o padrão de vida das pessoas e o bem-estar social”, afirma Felipe Borilli, economista da fintech Hygia Bank.
Segundo Borilli, os preços têm de ser definidos pelo mercado. As economias mais desenvolvidas têm pouca regulamentação de mercado, por isso são mais livres e têm mais produtividade.
“Uma economia livre é mais próspera. Os planos de congelamento de preços são ineficazes e agravam a inflação. No caso da Argentina, a medida pode ser eficaz em curto prazo, mas vai desestabilizar a economia do país”, conclui.
A Argentina tem a segunda maior inflação (48,4%) entre 20 países analisados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), perdendo apenas para a Venezuela (2.700%). A inflação é global, os preços dos alimentos estão subindo no mundo todo. De acordo com OCDE, no Brasil, a previsão de alta de preços até o final de 2021 é de 7,2%, atrás apenas da Argentina e da Turquia (17,8%).
Em 1986, no Brasil, durante o governo do presidente José Sarney, a inflação chegou a mais de 200% ao mês e foi tomada a mesma medida na tentativa de estabilizar a economia. O plano fracassou em pouco tempo, pois o congelamento gerou uma crise de abastecimento numa economia superaquecida pelo Plano Cruzado.