08/10/2003 - 7:00
Duas marcas muito parecidas. Ambas vendem glamour. Esbanjam elegância. Costumam ser o sonho de consumo de nove entre dez pessoas. A diferença: uma faz carros, outra faz roupa. Semelhança: o cliente que compra os automóveis da primeira, veste ou já vestiu modelos da segunda. Se a Mercedes-Benz fizesse ternos seria uma Armani. E se a Armani produzisse veículos provavelmente teria a estrela de três pontas em seu logotipo. Então, nada mais natural do que ver as duas marcas juntas. Na segunda-feira 30, Giorgio Armani esteve na sede da Daimler Chrysler (dona da Mercedes) na Alemanha para assinar um contrato de parceria com a montadora. O estilista vai desenhar o interior de um novo veículo Mercedes, provavelmente um conversível. Bancos em tons de areia, painel negro, volante de couro marrom e outros detalhes à la Armani, tudo foi criado para enfeitar uma edição limitada de veículos, que deverá ir ao mercado durante os próximos doze meses. O plano dos parceiros é vender, neste período, cerca de 100 a 150 automóveis. O preço do modelo ainda não foi definido. Só um detalhe está tirando o sono dos engenheiros da montadora: tentar dar maior resistência aos materiais delicados escolhidos pelo estilista. Armani inventa e os técnicos têm de transformar as idéias em realidade. Este é o acordo.
Mais que vender edições limitadas, a estratégia dos parceiros é promover uma ampla campanha de marketing que inclui eventos e publicidade conjuntas. E o compartilhamento de clientes vips. Para a Mercedes, que recentemente enfrentou problemas com alguns de seus modelos, como as insistentes panes elétricas do Classe-E, a parceria vem em boa hora. Ajuda a alavancar a imagem. Para Armani, o benefício do relacionamento é o acesso à base de clientes da montadora, incluindo os cinco milhões de leitores da revista Mercedes. Analistas de mercado não questionam as vantagens da Mercedes com a associação. Mas lançam dúvidas sobre os ganhos que Armani teria com a diversificação. ?Armani não terá royalties nem outro qualquer retorno financeiro com os carros. Num momento em que seu principal desafio é tentar levantar as vendas da Emporio Armani, eu tenho minhas dúvidas sobre esta diversificação e a eficácia da parceria mesmo com a possível conquista dos clientes Mercedes?, disse Paola Durante, analista do mercado de luxo da Merril Lynch, em entrevista ao The Wall Street Journal.
Esta não é a primeira vez que o mundo da moda e dos carros se encontra. Nos anos 50, a General Motors produziu veículos
que ostentavam diamantes da Van Cleef & Arpels em seu
interior. Na década de 70, foi a vez da Ford lançar Lincolns com a assinatura de Emilio Pucci e Cartier. A própria Mercedes nos últimos cinco anos tem investido no patrocínio de eventos de moda, principalmente em Nova York. Agora, com Armani, a fase fashion dos alemães está completa.