21/10/2020 - 14:20
A Armênia descartou, nesta quarta-feira (21), qualquer “solução diplomática” no conflito com o Azerbaijão pela região separatista de Nagorno-Karabakh, o que representa um balde de água fria nos esforços da comunidade internacional para alcançar uma trégua.
“Precisamos admitir que a questão de Karabakh, neste momento e há muito tempo, não pode ter uma solução diplomática”, afirmou o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, em uma mensagem no Facebook dirigida a seus concidadãos.
Após quase quatro semanas de combates, que provocaram cerca de 1.000 mortes segundo balanços parciais, os ministros das Relações Exteriores armênio e azerbaijano estão atualmente em Moscou negociando através da intermediação russa. Na próxima semana, os dois ministros irão para Washington.
“Tudo aquilo com que estaríamos de acordo é inaceitável para o Azerbaijão. Isso mostra que não tem nenhum sentido, ao menos por agora, falar de uma solução diplomática”, acrescentou o primeiro-ministro armênio.
Por este motivo, Pashinyan pediu “aos governantes das cidades, distritos, aldeias, partidos políticos, organizações civis, círculos empresariais, que organizem unidades de voluntários” para juntar-se às fileiras dos separatistas armênios de Nagorno Karabakh, região localizada no Azerbaijão, no Cáucaso.
Essas declarações foram feitas após duas tentativas frustradas de tréguas humanitárias neste mês.
As autoridades azerbaijanas também não demonstraram uma grande pré-disposição ao diálogo desde o início do conflito em 27 de setembro.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, eufórico pelas vitórias de suas tropas, chegou a chamar seus inimigos de “cachorros” e “bestas selvagens” e considerou que qualquer negociação deve ser precedida por uma retirada dos separatistas.
– “Só existe a vitória ou a derrota” –
As forças azerbaijanas conquistaram nas últimas quatro semanas territórios que estavam fora de seu controle desde os anos 1990.
O primeiro-ministro armênio reconheceu que a situação no front é “bastante grave” para os separatistas, confrontados por um avanço das tropas azerbaijanas pelo sul, em direção à Armênia e ao longo da fronteira com o Irã.
“Só existe a vitória ou a derrota, nada mais. Para ganhar, devemos formar unidades de voluntários”, acrescentou Pashinyan, que presumiu que o Azerbaijão estava utilizando suas “últimas forças” e que já perderam cerca de 10.000 homens no front, uma afirmação difícil de verificar, já que Baku não oferece dados sobre seus soldados mortos.
Rússia, França e Estados Unidos agiram historicamente como mediadores no conflito em Nagorno-Karabakh e agora também tentam pacificar a situação.
Para chegar a uma solução para o conflito, Baku exige uma reintegração de Nagorno-Karabakh, um território praticamente independente, embora sem reconhecimento internacional.
Já Yerevan pede a independência do território em conflito e ameaça com reconhecê-la unilateralmente.