14/01/2009 - 8:00

EM TEMPOS DE CRISE HÁ TRÊS TIPOS de investidor. O primeiro é ousado, aquele que aproveita a maré baixa para comprar o maior número de ativos baratos que puder. O segundo é o temeroso, que espera a poeira baixar e acaba ?esquecendo? do investimento por algum tempo. Mas é o terceiro tipo que tem se revelado uma surpresa. Ele procura investimentos mais seguros, diversifica sua carteira e descobre formas até mais atraentes de ganhar dinheiro. É assim que os fundos imobiliários têm atraído cada vez mais investidores.
Esses fundos têm apresentado rendimentos acima da média. E, o melhor, estáveis. A rentabilidade média dos fundos está na casa dos 11% ao ano, quando se considera o valor das cotas negociadas no mercado secundário. Quem comprou cotas no lançamento de alguns fundos e as manteve em carteira conseguiu retorno de até 24,84% em 12 meses até novembro passado (ver tabela). E aí entra o maior benefício dos fundos imobiliários: rendimentos livres de Imposto de Renda.
Para o ano que começa, os dividendos podem ser ainda mais atraentes. É que desde 4 de dezembro os fundos imobiliários estão livres para investir não apenas em imóveis, mas também em sociedades de propósito específicos (SPEs), fundos de participação (FIPs), de recebíveis, outros fundos imobiliários e em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs). Para o diretor da Brazilian Mortgages, Rodrigo Machado, a possibilidade de estruturar carteiras para investir em cotas de outros fundos imobiliários e CRIs será o grande impulsionador do mercado.

“Várias instituições sem vocação para fazer gestão de ativos imobiliários, como os bancos, têm demanda de clientes e vão entrar nesse segmento como administradores de fundos de fundos”, afirma.
O investimento em imóveis na planta tende a ser mais arriscado no atual momento de crise, já que há o risco de inadimplência e de as construtoras não terem dinheiro suficiente para terminar algumas construções. Mesmo assim, a aplicação nos fundos imobiliários continua sendo de baixo risco. Os imóveis nos quais os fundos investem são voltados a grandes empresas. E os contratos de locação geralmente têm longa duração. ?A turbulência atual não tem atingido os fundos imobiliários?, avalia Sérgio Belleza, especialista no setor.
Mas como não há blindagem 100% segura, é fundamental conhecer o negócio em que o fundo investe. Atualmente, existem 72 fundos listados na BM&FBovespa, com recursos acima de R$ 5 bilhões. É um começo ainda, haja vista que nos Estados Unidos são movimentados mais de US$ 350 bilhões no setor. Mas, ao contrário do que aconteceu lá com a crise do subprime, a fiscalização é muito mais rigorosa por aqui. Por enquanto, a maior resistência aos fundos imobiliários está na questão cultural. ?O brasileiro nasce e cresce com a ideia de que precisa ter seu nome na escritura?, explica Martim Fass, diretor da Rio Bravo. ?Isso acaba criando uma falsa sensação de liquidez.?