Num cenário econômico de turbulências, em que a Europa patina na crise, os Estados Unidos continuam com o futuro incerto e a China em desaceleração, é inevitável ver mercados minguando e empresas diminuindo de faturamento. Essa dura realidade, no entanto, parece distante do mercado de arte. Em 2014, a venda de quadros, esculturas e objetos de coleção cresceu 10% – movimentando US$ 16 bilhões, segundo a companhia de pesquisas Artnet. As duas maiores casas de leilão do mundo, as britânicas Christie’s International e Sotheby’s, acompanharam o vigor do mercado e cresceram, respectivamente, 12% e 18%.

A Christie’s, famosa por arrematar objetos de civilizações antigas, arrecadou US$ 7,7 bilhões no ano passado. A Sotheby’s, que também tem operações no Brasil, faturou US$ 6 bilhões. Juntas, as duas casas representam 85% do mercado. O crescimento do mercado de arte no mundo se explica por duas razões simples. Os ricos estão cada vez mais dispostos a gastar suas fortunas em obras de artistas renomados e a arte contemporânea forneceu uma série de novas peças para arremate. “Com a oferta e a demanda em alta, o setor cresceu mais do que o esperado”, diz Marcos Moraes, especialista em artes visuais, da Faap.

Moraes também destaca a vocação da arte como uma forma de investimento. “Se bem conservada, uma obra de arte se valoriza com o tempo”, diz. Ambas as companhias apuraram que, em 2014 cerca de 30% dos seus clientes eram compradores de primeira viagem, prova irrefutável de que a arte está despertando o interesse de novos colecionadores ou investidores. O artista queridinho de 2014 foi o americano Andy Warhol (1928-1987), famoso pelas representações em escala da atriz Marilyn Monroe.

As telas Triple Elvis, representando Elvis Presley, e Four Marlons, com imagens repetidas de Marlon Brando, ambas de Warhol, foram arrematadas por US$ 82 milhões e US$ 69,6 milhões, respectivamente. “O ano passado foi especial”, disse Stephen Brooks, chefe de operações da Christie’s. As duas casas de leilão têm estratégias distintas para continuar crescendo neste ano. A Sotheby’s pretende aumentar o número de leilões em cidades como Xangai, Nova Délhi e Hong Kong. A Christie’s, por sua vez, aposta em sua plataforma de leilões online, que cresceu 54% em faturamento em 2014, gerando cerca de US$ 32 milhões em vendas.