29/10/2010 - 3:00
Precisa um relógio custar mais de US$ 3 milhões? Se ele for superexclusivo, a ponto de ninguém mais ter um modelo exatamente igual, manufaturado à mão por experts do ramo especialmente para um único cliente, sim. É com esse marketing que a marca suíça Parmigiani Fleurier, uma balzaquiana de 34 aninhos em meio a cultuadas marcas centenárias, se consolidou no seleto mercado mundial de luxo.
E, neste mês, lança dois novos modelos no Brasil, seu mercado mais importante na América Latina: o Bugatti Atalante (a partir de US$ 60 mil), inspirado em um modelo da década de 1930 da famosa marca de automóvel, e o Tonda Hémisphères (a partir de US$ 39 mil), coleção dedicada às maravilhas da navegação.
Tique-taque do luxo: o relógio de bolso Fibonacci traz 480 diamantes e é um
dos modelos mais caros da marca (e do mundo). É vendido a partir de US$ 2,2 milhões
Tudo na história e nos produtos da Parmigiani Fleurier evoca a nobreza, a exclusividade e a riqueza. Gerida, atualmente, pela fundação da família mais rica da suíça, os Sandoz ? proprietária da empresa farmacêutica de mesmo nome, líder mundial na produção de remédios genéricos e que fatura cerca de US$ 7,5 bilhões por ano ?, a empresa foi fundada em 1976 pelo relojoeiro suíço Michel Parmigiani, discípulo de Marcel Jean-Richard (descendente de uma renomada família de relojoeiros).
Produzidas artesanalmente, as peças da grife levam em média sete meses para ficar prontas. Os inúmeros detalhes e refinamento de cada componente ? muitos deles pedras e metais preciosos ?, ajudam a entender o conceito de exclusivo e o porquê de seus altos preços. Seu CEO, Jean-Marc Jacot, que esteve pela primeira vez no País, justifica que os valores refletem a elegância daqueles que têm o privilégio de usar um Parmigiani Fleurier. ?Nossos preços vão de US$ 8 mil a US$ 4 milhões, mas a média fica em torno de US$ 60 mil?, diz Jacot.
A tecnologia suíça, aliada à delicadeza do trabalho de seus artesãos, faz da marca uma das mais
desejadas do mundo. Somente cinco mil relógios são produzidos anualmente, para poucos usarem
Ele revela à DINHEIRO que 50% das transações da marca são feitas com produtos que custam acima de US$ 100 mil. As peças acima de US$ 1 milhão são as feitas por encomenda e customizadas conforme o desejo de seu comprador. A empresa comporta cinco fábricas que dividem o processo de produção entre seus 550 funcionários. Sua principal concorrente é a também suíça Patek Philippe criada em 1851.
?A Rolex não está no mesmo nicho de mercado, já que produz cerca de um milhão de relógios ao ano?, afirma Jacot. A produção anual da Parmigiani é de somente cinco mil relógios. Nielsen Cohn, o representante brasileiro, revela que, no País, a Parmigiani Fleurier tornou-se uma marca de luxo competitiva.
De olho no Brasil: o CEO da Parmigiani Fleurier, Jean-Marc Jacot, veio pessoalmente
ao Brasil lançar dois modelos da marca: o Bugatti Atalante e o Tonda Hémisphères
Proprietário da loja paulistana que vende a marca, Cohn diz que os relógios Parmigiani já são responsáveis por 39% do seu faturamento. Apesar de ser uma marca jovem, perto das experientes Rolex (102 anos) e Pathek Philippe (171 anos), a companhia tem hoje papel significativo na economia e na indústria de Val-de-Travers, na Suíça, e é mundialmente conhecida.
Possui representações em 70 países e conta com uma rede de 250 pontos de venda espalhados pelo mundo, para fazer chegar suas peças nos pulsos de seus seletos consumidores. Reconhecida como um centro de excelência na fabricação de relógios, a Parmigiani empresta não só sua elegância aos seus consumidores seletos, mas também a sua mecânica de alta precisão a outros clientes da relojoaria (como os também suíços Corum e Richard Mille). ?Somos uma empresa completamente verticalizada. Tudo é feito lá dentro, exceto as pulseiras de couro, que são da Hermès?, diz Jacot.
Recém-chegados: o Bugatti Atalante (à esquerda) faz referência a um modelo da década de 30, da famosa marca italiana de
automóveis, e custa aproximadamente US$ 60 mil – o jogador de futebol Roberto Carlos foi um dos primeiros brasileiros a ter um desses.
E quem seriam os privilegiados comprados de relógios da sofisticada marca suíça? Entre os principais clientes da Parmigiani no mundo estão grandes colecionadores endinheirados e personalidades como o cultuado estilista Giorgio Armani e o monarca mais rico do mundo, o rei Bhumibol Adulyadej, da Tailândia ? que acabou de receber em seu palácio um exemplar Parmigiani de cerca de US$ 3,8 milhões. No Brasil, o primeiro a adquirir um relógio da coleção Bugatti foi o jogador de futebol Roberto Carlos ? aliás, ele é um dos clientes mais fiéis da marca, segundo o representante da marca no Brasil.