Por Minh Nguyen

CAO LANH, Vietnã (Reuters) – Em sua fiel motocicleta, a artista vietnamita Dang Ai Viet viaja pelo país do Sudeste Asiático em uma missão para garantir que as milhares de mulheres que sofreram a perda de dois ou mais entes queridos durante a Guerra do Vietnã não sejam esquecidas.

A artista de 75 anos pintou os retratos de 2.765 mulheres, que fazem parte de um grupo conhecido no Vietnã como “mães heroicas”, em reconhecimento ao seu sacrifício durante a guerra que terminou em 1975.

“Eu pinto para que a geração atual e as posteriores tenham a chance de ver o olhar de uma mãe que perdeu mais de um de seus filhos”, disse Viet à Reuters.

Durante a guerra, Viet foi uma guerrilheira no Delta do Mekong para os vietcongues, combatentes que apoiaram o Vietnã do Norte na batalha contra o governo do então Vietnã do Sul e seu principal aliado, os Estados Unidos.

Alguns pesquisadores estimam que cerca de 3,8 milhões de pessoas foram mortas durante a guerra, embora as estimativas do número variem.

Na província de Dong Thap, no Delta do Mekong, Viet recentemente pintou o retrato de Huynh Thi Bay, de 98 anos, cujo marido e filho mais velho foram mortos em 1969, com apenas alguns dias de diferença.

“É devastador o suficiente para uma mãe saber da morte de seu filho, mas é preciso ser heroína para saber da morte de um marido e de um filho”, disse Viet.

Antes que o retrato seja entregue à família, Viet inclui detalhes da mulher e como seus entes queridos morreram, e o governo local dá um selo de autenticidade.

“De agora em diante, haverá uma foto dela com a família e sempre poderemos ver minha mãe”, disse o único filho sobrevivente de Bay, Thuong Van Hop.

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