O esporte é muito rico em metáforas para ilustrar alguns desafios dos líderes empresariais. O cenário competitivo não é o único ponto em comum, por exemplo, entre o futebol e o mundo corporativo. Em ambos os casos, a gestão de pessoas é um aspecto decisivo. Todo torcedor, ao pensar em seu clube de coração, certamente é capaz de lembrar de grandes times que não foram campeões e de equipes não tão boas que levantaram a taça. Surpresas que só o futebol pode proporcionar. Influência da torcida à parte, o maior diferencial reside na forma como os atletas se comportam e como são liderados.

Em algumas oportunidades, já destaquei várias características de um time campeão. Aqui, vou apresentar sete atributos que considero os mais importantes para as equipes, considerando o cenário atual.

Sem titubear, considero que a maior tarefa dos líderes na formação de um time de alto desempenho e vencedor, em um ambiente de demanda cada vez maior para fazer mais com menos, é a integração dos seus membros, criando sinergia e extraindo o melhor de cada um. Esse é um dos caminhos para ir além das metas, surpreender e encantar.

Porém, nem sempre se chega ao nível desejado de integração. Em alguns casos, os objetivos são cumpridos, mas com um ambiente que gera competição nociva, discórdia e, consequentemente, a infelicidade das pessoas. Já em outros temos uma atmosfera excelente entre as pessoas, mas que resulta em uma integração improdutiva.

A ocorrência frequente desses dois quadros faz com que diversos presidentes de empresas me procurem para ajudá-los nesse movimento de integração, com foco em produtividade. Nessas ocasiões, não é raro eles me revelarem que seus profissionais do C-Level são craques em suas áreas, inteligentes e amplamente premiados e reconhecidos pelo mercado. Porém, não conseguem jogar coletivamente e “não ornam com o conjunto”, como me confidenciou o dono de uma grande empresa agrícola no interior paulista.

Neste momento, tenho certeza de que veio a sua mente, leitor, uma ou mais pessoas que são extremamente competentes individualmente, mas que não sabem construir um trabalho em equipe ou explorar o potencial de cada membro do grupo.

Observar os esportes com atenção facilita a percepção das vantagens competitivas que surgem a partir do esforço coletivo. Na contramão, também ficam claros os prejuízos causados pelo individualismo, que quer sobrepor a estrela individual ao trabalho de equipe.

Nesse sentido, as empresas são semelhantes aos times de futebol. Podem ter craques nos diferentes setores – Financeiro, TI, RH, Marketing etc – mas um organograma departamentalizado e engessado, de feudos ou silos, impedindo a sinergia. Consequentemente, a empresa acaba arcando com um custo elevado que corrói furtivamente sua eficácia.

Ao longo da minha trajetória, tenho observado algumas iniciativas de líderes que fazem com que ‘craques’ consigam jogar em equipe e para o time, formando um verdadeiro esquadrão, com múltiplas competências. Isso começa, de fato, na escolha dos membros da equipe. Assim como um bom treinador faz de tudo para escalar o melhor time, os líderes não podem negligenciar esse momento, sob o risco de acabarem se dedicando mais a gerenciar problemas do que a explorar oportunidades.

Esse cuidado passa, necessariamente, pela necessidade dos líderes de não se concentrarem apenas no currículo, que mostra o retroativo na trajetória do profissional. Cada vez mais é preciso se voltar às atitudes e à diversidade, o que significa deixar de lado perfis similares ao do próprio líder. Esses fatores são decisivos para desenvolver o sentido de conjunto e de trabalho em equipe. A Seleção montada pelo técnico João Saldanha em 1970, por exemplo, era um belo exemplo de conjunto e com talentos fora de série. Era um “time de feras”, muito diferente dos “canarinhos” que ele herdou do treinador que o antecedeu. No entanto, além da integração e da força do conjunto, existem seis outras características fundamentais para formar um time de campeões, no futebol ou nas empresas:

• Clareza sobre o gol, o propósito

• Conhecimento do mercado / negócio da empresa

• Inovação

• Foco e Disciplina

• Iniciativa

• Superação

Nesse leque de competências, ainda falta uma bastante importante: a PAIXÃO, sem a qual um time não consegue entregar mais do que o combinado.

Sugiro que você, leitor, faça um checklist com essas características acima e se pergunte, atribuindo notas de 1 a 5, a cada uma delas: o que preciso mudar para liderar uma equipe de alta performance, um time campeão?

 

(*) César Souza, fundador e presidente do Grupo Empreenda, palestrante
e autor do recém-publicado “Seja o Líder que o Momento Exige”