27/09/2006 - 7:00
Desde os primórdios da humanidade, as cidades floresciam próximas a rios ou ao mar ? porque eram meios de subsistência e abriam o caminho para rotas comerciais. Séculos mais tarde, com a revolução industrial, criaram-se comunidades em torno das ferrovias, o transporte mais rápido para ligar uma cidade a outra. Agora, nos tempos da globalização, do mundo sem fronteiras, vive-se um terceiro fenômeno urbano e principalmente, econômico, no qual gigantescos aeroportos puxam o desenvolvimento. São as Aerotrópoles, contração das palavras aeroporto com metrópole, termo cunhado pelo professor de planejamento urbano da Universidade da Carolina do Norte, John Kasard. Elas estão mudando o panorama das cidades e, acima de tudo, transformando o mapa dos negócios no planeta. O próximo destino a abrigar um empreendimento desse porte é Bangcoc, na Tailândia. No dia 28 de setembro, se o golpe de Estado imposto pelo Exército tailandês ao primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, na última terça-feira 19, permitir, será inaugurado o maior aeroporto do mundo. O Suvarnabhumi, uma megaconstrução de US$ 4 bilhões, receberá 100 milhões de passageiros por ano e, de acordo com estimativas de especialistas, será o coração de uma cidade com 3,3 milhões de pessoas em um prazo de 30 anos. Ali nascerão prédios, escolas, shopping, hotéis e tudo o que há nos grandes centros. Esse fenômeno urbano está sustentado por números cruciais para a economia de qualquer país.
Hoje, cerca de 40% dos bens de consumo de alto valor agregado, como aparelhos eletrônicos, medicamentos e bolsas Louis Vuitton, são transportados em aviões. Representam, só nos Estados Unidos, metade das exportações que somam US$ 554 bilhões. Ou seja, os superaeroportos, grandes centros de logística, serão a porta de entrada para o progresso ? cruciais no comércio internacional. As preocupações com segurança, principalmente depois do 11 de setembro, é verdade, aumentaram. Nos Estados Unidos, um dos países mais temerosos com atentados, não há quase previsão de que surjam novas aerotrópoles. Mas na Ásia e no Oriente Médio elas decolam. Em 2000, foi inaugurado, na ilha de Chek Lap Kok, próximo a Hong Kong, o terminal mais caro da história, ao custo de US$ 20 bilhões. Atualmente, nas proximidades do aeroporto, vivem 45 mil pessoas que trabalham em hotéis, centros de convenções e em outros serviços puxados pelo empreendimento.
Os gastos de Hong Kong, contudo, serão superados por uma faraônica obra coordenada pelo sheik Mohammed bin Rashid Al Maktoum, de Dubai, nos Emirados Árabes. Com um investimento de US$ 33 bilhões, será inaugurado, em 2007, o Dubai World Center, a maior de todas as aerotrópoles do planeta. No local, que será construído em etapas, haverá, além de shopping centers, prédios comerciais e condomínios residenciais, até mesmo fábricas e campo de golfe. O tamanho total do complexo será de 1,2 milhão de metros quadrados e abrigará cerca de 750 mil habitantes, fazendo com que Estocolmo, a capital da Suécia, fique pequena. O difícil, entretanto, é imaginar que o lugar se torne um oásis em pleno deserto com o ensurdecedor barulho dos aviões.