13/09/2006 - 7:00
Seja por dever de ofício, seja por satisfação pessoal, o empresário Sergio Habib adora pilotar automóveis. Presidente da Citroën no Brasil e representante da marca Jaguar no País, ele dispensa os serviços de motoristas e dirige seus próprios automóveis em seus compromissos profissionais. Nos últimos tempos, Habib tem repetido a expressão ?aproveitar o vácuo do A3?. Não se trata de uma disputa de velocidade com o carro esportivo da Audi. A expressão resume uma estratégia comercial. Neste final de semana, a Citroën lança no Brasil o C4 VTR, carro médio importado da França, pelo qual o consumidor brasileiro desembolsará entre R$ 70 mil e R$ 75 mil. Com ele, a montadora espera ocupar o espaço que a Audi acaba de abrir no Brasil com o fim da fabricação local do A3. Agora, esse modelo será importado da Alemanha e desembarcará por aqui com preço mínimo de R$ 100 mil, contra R$ 70 mil da antiga versão. ?Hoje, há 50 mil proprietários do A3 que necessariamente não terão dinheiro para trocar seu veículo por um modelo importado?, diz Habib. ?O que eles irão comprar?? O empresário espera que a resposta seja ?C4 VTR?. ?É um carro para o jovem que não quer o carro da mãe, um monovolume, e rejeita o carro do pai, um sedan?, diz Habib.
A chegada do C4 ao mercado é o primeiro passo de um plano ambicioso da Citroën no País. Neste ano, a companhia venderá 37 mil unidades. Em 2010, pretende elevar esse número para 100 mil, ou seja, mais do que o dobro do volume atual. Habib vê apenas um caminho para atingir esse objetivo: produtos novos. Nos próximos quatro anos, colocará anualmente em suas revendas um novo modelo fabricado no Mercosul ? dois na fábrica brasileira de Porto Real (RJ), dois na unidade argentina. Para isso, os franceses investirão US$ 100 milhões em seu parque industrial. Habib não antecipa os modelos. Mas fabricantes de autopeças da região garantem que, em 2007, a versão sedan do C4 sairá da linha de montagem argentina. No ano seguinte, será a vez de um automóvel produzido na planta brasileira, na mesma plataforma do C3. ?O consumidor brasileiro anseia por novidades e só assim cresceremos, já que nunca atuaremos na faixa de carros abaixo de R$ 35 mil, que respondem por 70% do mercado?, diz Habib.
O portfólio de produtos será alimentado por outros modelos importados. Nesses casos, a meta será atuar em nichos, mas com boa rentabilidade e um ganho extra na exposição da marca. Dois veículos desembarcarão em território brasileiro até meados de 2007. Um deles é o C4 Picasso, uma perua para até sete passageiros, com requintados detalhes de segurança ? por exemplo: em caso de atropelamento, o capô se ergue automaticamente, evitando que o acidentado ?voe? por cima do carro. O outro modelo é o C6, um superluxo com preço de R$ 250 mil. ?É veículo para 100 unidades por ano?, diz Habib. Para desovar esses lançamentos no mercado, a Citroën ampliará sua rede de concessionárias, saltando das atuais 74 para 120. Hoje, a marca atende 43 cidades brasileiras. Passará para 75 até 2010. O alvo da expansão serão os municípios entre 100 mil e 300 mil habitantes. O próprio Habib reduzirá sua participação na rede. Hoje ele possui 30 revendas. Continuará com o mesmo número. Resta um desafio: garantir que o padrão de serviços e atendimento atinja o mesmo patamar da excelência de seus produtos.