Pode parecer estratégia de quem não tem muita criatividade. Mas com a fabricante brasileira de brinquedos Gulliver tem dado resultado há 32 anos. Para saber como agradar as crianças, ela simplesmente acompanha o que é sucesso de audiência entre a garotada na tevê e no cinema. Em 1970, época de faroestes como Bonanza, a empresa estreou no mercado com o Forte Apache ? um hit que é vendido até hoje. Passadas mais de três décadas, são os bonecos articulados de super-heróis como Homem-Aranha, Meninas Super Poderosas e os personagens de O Senhor dos Anéis que garantem o faturamento de R$ 22 milhões que a empresa obteve em 2001. Para o Dia das Crianças, também não há grandes novidades: a sensação promete ser o Scooby Doo, graças à estréia do novo filme do simpático cachorrinho nos cinemas, e a Bratz, boneca mais vendida nos Estados Unidos no último Natal.

 

Essa estratégia provou ser eficaz para manter o carrinho da Gulliver andando, mas ele ainda precisava de um impulso para ganhar velocidade. A pilha que faltava para crescer 15% ao ano era a aliança com fabricantes estrangeiros de brinquedos. Por isso, há cinco anos ela fechou uma parceria com a francesa Smoby para expandir a linha de produtos para crianças em idade pré-escolar e buscou novas licenças para personagens. Parece que deu certo. ?Hoje, 25% do faturamento vem dos brinquedos pré-escolares. Em dois anos, eles devem ser responsáveis por um terço das receitas?, afirma Paulo Benzatti, gerente nacional de vendas da companhia. Do outro lado do crescimento, está a boneca Bratz ? uma espécie de heroína jovem, vestida com roupas coloridas e que não prima pelas medidas perfeitas, como suas rivais Barbie e Susie. É com esta boneca que a Gulliver planeja avançar sobre o mercado de brinquedos para meninas pré-adolescentes. Mas nem tudo é fácil na vida desta boneca. A concorrente Estrela acaba de lançar a Driks, anunciada como uma caricatura da apresentadora Adriane Galisteu e voltada para o mesmo público da Bratz. Até aí tudo bem. O problema está na semelhança entre as duas bonecas. Elas são tão parecidas que a Gulliver conseguiu uma liminar de apreensão do produto da Estrela. A batalha está na Justiça.

faturamento de R$ 22 milhões e crescimento de 15% ao ano

Em meio a confusão, a Gulliver encontra redutos de calmaria. Fez uma parceria
com a rede de locadoras Blockbuster e começou a vender seus brinquedos em
50 lojas espalhadas pelo País. ?Ali se concentram os consumidores em potencial,
os fãs dos personagens de filmes e desenhos que oferecemos como brinquedos?, diz Benzatti. O primeiro teste
foi com Homem-Aranha e Senhor dos Anéis. Em breve, eles
ganharão a companhia da turma do Scooby e do Incrível Hulk.
Até os próximos filmes.