16/12/2017 - 10:15
Existe uma categoria de turista que procura como destino de férias praias com belas paisagens, mas que ofereçam obrigatoriamente boa diversão noturna. Não por outro motivo, Trancoso, na Bahia, Florianópolis, em Santa Catarina; e Punta Del Este, no Uruguai, se consagraram como destinos concorridíssimos – e reinavam sozinhos até pouco mais de dois anos atrás. Hoje, porém, têm concorrentes potencialmente fortes. São oito belas praias espalhadas pelo litoral nacional com shows, festas e animados beach clubs durante as férias de verão.
Entre elas estão São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, São Miguel dos Milagres, em Alagoas – regiões até então pouco exploradas – e Jericoacoara, no Ceará, – uma das mecas do kite surfe mundial. “O mercado de festas cresceu tanto que foi necessário migrar os negócios para outras cidades”, diz Chico Barbuto, de 32 anos, da Keep Young, agência paulista de eventos. “Como não cabe todo o mundo em Trancoso, começamos a explorar outras praças do Nordeste.”
Por trás da construção desses novos destinos baladeiros de verão estão jovens empresários, de 25 a 40 anos. Eles começaram na área de eventos corporativos em São Paulo e investiram em festas itinerantes, que viraram selos de garantia para diversão de qualidade.
Barbuto escolheu Jericoacoara para investir. Pelo segundo ano consecutivo, realiza Je Suis Jeri, uma temporada de quatro festas, todas patrocinadas por grandes marcas, como Ambev e a grife John John. Em parte, isso explica a quantidades de famosos presentes no réveillon do ano passado. Os atores globais Henri Castelli e André Gonçalves foram alguns dos nomes estrelados que prestigiaram o evento.
Ar-condicionado no banheiro
Os ingressos custam R$ 500, em média; com exceção do ano-novo, que sai a partir de R$ 1,2 mil. Um pouco caro? “A festa tem uma superestrutura, atípica de litoral. No ano passado colocaram ar-condicionado até nos banheiros. Achei o máximo”, diz o administrador paulistano Tico Dalan, de 33 anos, que viajou para Jericoacoara em uma turma de 50 amigos. “Quando cheguei lá, conhecia um monte de gente.”
Segundo a organização do evento, dos ingressos vendidos, 65% vão para as mãos de paulistas e paulistanos, 30% para cariocas, e o restante fica dividido entre candangos e locais.
Formada em Publicidade e Propaganda pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo, Ana Clara Pontedeiro Patrício, de 26 anos, já passou as férias de fim de ano em diversas praias. “Vou onde meus amigos vão”, diz. “Gostava muito de passar as férias em Punta del Este, mas com a alta dólar ficou inviável.”
No ano passado, resolveu viajar com uma turma de 40 amigos para o Nordeste. Escolheram São Miguel do Gostoso, na Bahia. Alugaram uma casa e compraram o pacote de cinco festas do réveillon do Gostoso.
“Eu não conhecia e fiquei surpresa. Além de ser um litoral lindo, nas festas não tem confusão nem fila no banheiro e pouca espera para pegar a bebida”, diz Ana. “Prefiro São Miguel do Gostoso a Trancoso.” A cidade é mais barata. Enquanto uma caipirinha lá custa R$ 15, em Trancoso sai por R$ 45.
“Como a região é muito procurada por velejadores, estrangeiros e paulistas investiram em pousadas e restaurantes. Há locais para degustar pratos bem elaborados de camarão e até lagosta”, diz Edu Aga, de 36 anos, que trabalha há 15 com eventos.
O empresário atuou nos bastidores de clubes paulistanos, caso do Royal e o Lyons. Consagrou-se com o sucesso da festa Farofada, entre outras, realizada há cinco anos em São Paulo. Sócio da agência Play, hoje organiza a temporada de Gostoso.
Não falta luz
Apesar de tantos destinos novos, há quem prefira os mais tradicionais. A jornalista Nathalie Mertens, de 31 anos, vai este ano novamente para Trancoso. “Não há como discutir que festa ao ar livre tem de ser no Nordeste, terra onde o sol brilha sempre. No Sul chove muito”, justifica. “Acho Trancoso mais estruturado para receber o turista. Aqui nunca aconteceu de faltar luz, comida ou bebida, como em algumas praias do litoral de São Paulo.”
Essa temporada, além da veterana agência paulistana Haute, que há dez anos organiza festas, a praia recebe a Óscar Party, selo muito conhecido em Goiânia e Campinas pelas superproduções e público de 8 mil pessoas.
Dono da marca, o paulista Óscar Martins, de 28 anos, testou seu evento em Trancoso no ano passado. Deu tão certo, que neste ano, ele fica na cidade de 20 de dezembro a 5 de janeiro. Organiza cinco festas – tem atrações como Alok e a dupla sertaneja Jorge & Mateus – e um beach club.
Pertinho
Para quem não quer – ou não pode ir tão longe- , o Guarujá é a opção com a maior quantidade de badaladas. O Casa Grande Hotel, hospeda duas casas tradicionais. O restaurante Thai sobe o som e agita a pista depois da meia-noite, sob a coordenação da DJ Cla Pessoa – que conquistou espaço entre nomes internacionais da música eletrônica e neste fim de ano toca em várias casas do litoral. Filial do Blá Bar, de São Paulo, o Blá Praia realiza uma série de festas.
A novidade na cidade é a balada paulistana Fire Up, conhecida por esquentar as noites de julho de Campos de Jordão. Ela abre as portas dia 27 em um anexo do Hotel Sofitel Jequitimar.
O espaço de 800 m² é dividido em restaurante, pista e lounge. “Não é uma casa voltada para a molecada. Haverá consumação mínima de R$ 100 para mulher e R$ 200 para homem”, diz Edu Barbeiro, um dos sócios, que investiu R$ 400 mil na ambientação da Fire Up do Guarujá.
Na capital
Enquanto a maioria das agências aposta no litoral, dois organizadores de eventos inverteram o fluxo. Pela primeira vez, o Café dela Musique realiza na cidade de São Paulo o Réveillon dos Sonhos, com open bar, ceia e atrações a R$ 1 mil por pessoa.
Conhecida pela glamourosa festa Godfather, que acontece em espaços como Leopolldo, Casa Fasano e Estação Júlio Prestes, a agência We Clap estreia o réveillon no bufê La Luna, que acaba de ser reformado. O convite (a R$ 1,5 mil por casal) dá direito a ceia, café da manhã, open bar e atrações. Com tantas opções, agora é só decidir entre viajar ou aproveitar o verão em São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.