19/06/2024 - 7:30
Faz um ano e meio que as Americanas encaram o desafio de seguir suas operações em meio a uma crise financeira que marca um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do país.
Em janeiro de 2023, a varejista comunicou um rombo bilionário em suas contas, que acabou revelando dívidas que passam dos R$ 42 bilhões e centenas de credores, notícia seguida por anúncios de demissões e fechamento de lojas físicas. Desde então, a companhia, de capital aberto, vem divulgando seus balanços com atrasos e sem auditoria.
Segundo a empresa, resultados auditados serão divulgados apenas após o final da investigação de um comitê “independente” formado para apurar o escândalo contábil bilionário.
‘Gaiolas’ dão maior agilidade no abastecimento de lojas
Entre suas estratégias para manter o fôlego, a varejista anunciou um projeto de sua área de logística, em que a estrela é um carrinho – oficialmente um rolltainer- que lembra uma pequena gaiola, onde são acomodados os produtos, e que estão ajudando a empresa a reduzir seu tempo de descarga no ponto de vendas de duas horas para 40 minutos; em alguns casos, para 15 minutos. E tempo, como sabemos, é dinheiro.
“Parece simples, mas tem impacto gigantesco em toda a cadeia física. Onde está o motor hoje. A solução é bonita justamente pela simplicidade. O maior investimento foi mais em planejamento e gestão, somados ao engajamento da empresa inteira, que entrou em clima de competição entre lojas sobre qual executava o processo de descarregamento e abastecimento de maneira mais rápida e eficiente”, conta Luiz Bentes, diretor de Logística da Americanas.
São 14 mil carrinhos feitos sob medida na China e com capacidade para 400 quilos, o que, em espaço, equivale a 35 mil KitKats acomodados em um caminhão modelo toco. Após esvaziados, os carrinhos podem ser dobrados para facilitar o transporte de volta ao centro de distribuição.
Quando o caminhão encosta na loja para fazer a descarga, diz Bentes, entra em operação uma série de aplicativos, desenvolvidos para o projeto, que vão desde o destravamento do veículo, passando pela segurança, e pelo acompanhamento remoto de uma “torre de controle” que monitora a ação de abastecimento feita com a ajuda dos carrinhos.
“Dizemos que é uma nova logística para atender a uma nova Americanas. Temos foco nas lojas física. Com o novo projeto, atendemos mais rápido, impacta em menos ruptura [falta de produto], usa melhor o tempo, atende mais lojas dentro da mesma rota. Tem um impacto em toda cadeia logística, pois a loja tem que estar focada em vender”, avalia Bentes.
Projeto foi batizado de Pit Stop
O projeto se inspirou justamente nesse momento crucial de abastecimento e manutenção dos carros de Fórmula 1, quando a equipe precisa estar operando de forma integrada, rápida e eficiente.
“Desafiamos o time sobre como fazer de maneira mais produtiva, mais efetiva, então a ideia é esse paralelo à Fórmula 1, fazer igual, onde cada um tem seu papel, saber o que e quando executar. Atendemos 500 lojas por dia, e é um momento crítico da logística. Uma das coisas importantes para dar o giro nas operações de loja é o descarregamento. Cada minuto em tempo de descarga tem um fator multiplicativo gigante”.
O piloto do projeto ocorreu no final de 2023 entre centros de distribuição e lojas nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pará. “Foi bem importante na sazonalidade do período de Natal e, principalmente, na Páscoa, uma das principais datas para a empresa”, relata Bentes. E, no começou de junho, passou a operar em todas as lojas pelo país.
A empresa antecipou, sem detalhar, que o projeto Pit Stop é parte de um processo maior de mudanças em suas operações logísticas que serão anunciadas em breve.