O que você levaria para uma ilha deserta? O ator Tom Hanks, vencedor de dois Oscars, acabou ficando sozinho com uma bola de vôlei Wilson. Desde que a mais antiga marca esportiva norte-americana ? que surgiu em 1914 fabricando cordas de raquetes de tênis com tripas de animais ? ganhou as telas de cinema com o filme O Náufrago, o sorriso do ?amigo Wilson? ficou estampado na cara dos executivos da empresa. ?Não desembolsamos um centavo pela participação no filme e tivemos a maior publicidade de nossa história?, garante a DINHEIRO Jim Baugh, presidente mundial da Wilson. Verdade ou não, o fato é que o nome da empresa nunca havia sido tão falado. ?Ainda não temos como medir aumento no faturamento, mas já sentimos um rejuvenescimento da marca.? Rejuvenescimento, aliás, é palavra de ordem na empresa que pertence à holding finlandesa Amer Group ? dona de vendas de US$ 1,1 bilhão e marcas de produtos esportivos como Suunto (computadores de mão) e Atomic (equipamentos para neve). Uma de suas últimas tacadas foi lançar linhas de produtos que saem das quadras para o dia-a-dia do jogador: relógios, óculos e até equipamentos eletrônicos que começam a chegar agora ao Brasil.

Na última semana, os principais executivos da holding estiveram reunidos no Rio, para o lançamento de uma regata de volta ao mundo. De bermudas e camisetas, participaram ainda de um campeonato de tênis. Além dos eventos esportivos, a vinda dos executivos ao País tinha outra missão: entender o fenômeno de expansão que tomou conta da filial brasileira no ano passado. ?Foi a subsidiária que mais cresceu em todo o mundo?, comemora Roger Talerno, presidente mundial do Amer Group. ?Com a ajuda do Brasil, tivemos um ano recorde.?

Golfe. Há menos de seis anos no País, a Wilson vem batendo um bolão. Em 2001, o volume de negócios aumentou 52%. ?A previsão é crescer outros 50% este ano?, garante Pedro Zannoni, diretor de marketing da Wilson do Brasil. Para isso, a empresa quer jogar em outras áreas. Sem descuidar do tênis ? que consagrou a marca e corresponde a 95% do faturamento da subsidiária brasileira ?, a ordem agora é aumentar a participação em esportes de equipe, como basquete e voleibol, e estar bem posicionada num mercado crescente de golfe. Apenas em 2001, o esporte tomou fôlego. A quantidade de golfistas cresceu 40% no País e a Wilson aumentou em 80% suas vendas para o setor. Estão nos planos da empresa ainda vestir os atletas dos pés à cabeça. Afinal, roupas e acessórios Wilson geram US$ 180 milhões ao ano ? e uma parte disso vai parar nos bolsos da empresa por meio de royalties. São meias, relógios, sapatos, sacolas de viagem, óculos, raqueteiras, bolsas femininas e uma infinidade de produtos eletroeletrônicos, como walkmans e rádios.

 

 

É essa diversificação da marca que chega agora ao Brasil. Falta apenas acertar os ponteiros. ?Estamos trocando de licenciadora e, até abril, fecharemos com uma nova empresa?, diz Talerno, sem dar detalhes da operação. Até o final do ano passado, apenas uma empresa do Sul do País era responsável pela confecção de roupas com a marca. Isso será expandido. Em 2002, a empresa vai colocar no mercado outras novidades: raquetes inspiradas em tenistas profissionais, como Fernando Meligeni e André Sá, e computadores de pulso Suunto. São relógios que medem, além do horário, batimentos cardíacos, oferecem funções de navegação, desníveis do solo (para esquiadores), bússolas, profundidade de mergulho e são dotados ainda de barômetro e altímetro. ?Vamos começar a distribuir os relógios em lojas especializadas?, afirma Dan Colliander, presidente mundial da Suunto. O problema ainda é o custo destes produtos: US$ 400. Além dos relógios, a empresa vem investindo no desenvolvimento de tecnologias. Cerca de 3% do faturamento global da holding vai parar nos laboratórios espalhados pelo mundo. ?Cerca de 90% de nossa linha de produtos tem menos de dois anos?, diz Talerno.

Agora, o presidente da holding conta mais uma vez com o Brasil: quer transformar a Amer na maior empresa de equipamentos esportivos do planeta. ?Se, em quatro anos, aumentarmos as vendas em 50%, já seremos a número um?, garante. Como isso será feito? A Amer deve sair às compras. ?Não revelamos quais empresas estão na mira.? Ao que tudo indica, o sorriso do Wilson será apenas a primeira parte da história.