Existem várias formas de medir a importância de uma grife. O reconhecimento entre seus pares, o prestígio amealhado entre os clientes e sua capacidade de resistir à passagem do tempo. A brasileira Amsterdam Sauer se destaca nestes três quesitos. Referência mundial no segmento de jóias cravejadas de gemas (esmeralda, opala, água-marinha, turmalina, ametista e citrino, por exemplo), a empresa chega aos 65 anos mais nova do que nunca. Para celebrar a data, a marca está lançando produtos relacionados ao mundo da alta-costura e da literatura. Um deles é o pendente de ouro em formato de scarpin, inspirado no filme O Diabo VestePrada. O outro é o Anel de Lis, baseado no livro O Segredo do Anel de Kathleen McGowan, publicado pela Editora Rocco. O reconhecimento ficou a cargo da suíça Revue Thommen que criou uma série limitadíssima (65 unidades) de seu sofisticado relógio Airspeed. A peça traz a logomarca da Amsterdam Sauer. ?Vivemos um dos melhores momentos de nossa trajetória?, celebra Daniel Sauer, diretor da Amsterdam Sauer. A expectativa do executivo é fechar o ano com receita de R$ 50 milhões, um acréscimo de 11% em relação a 2005. Metade disso é obtido com a venda de pedras tipicamente brasileiras.

 

O prestígio e o reconhecimento também deverão guiar o ambicioso projeto de repaginação das 26 lojas da rede, espalhadas pelos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Amazonas. Até agora os ajustes foram feitos em apenas três unidades, incluindo a sede situada na Rua Visconde de Pirajá, tradicional rua de Ipanema, bairro da Zona Sul carioca. Nela será gasta a maior fatia da verba de R$ 3 milhões orçada para a primeira fase desse plano. O prédio de dois andares, que também abriga o Museu Amsterdam Sauer ? cujo acervo reúne a maior coleção de gemas da América Latina ? receberá mais um pavimento. A nova área vai funcionar como um misto de espaço cultural e de eventos (palestras, cursos e treinamento), além de servir para o atendimento de clientes vips. O projeto mistura elementos da natureza (casca de coco, madeiras amazônicas e palmeiras, por exemplo) com móveis contemporâneos de estilo urbano. ?Nosso desafio é harmonizar o ambiente, criando uma atmosfera agradável para os clientes, mas sem ofuscar as jóias. Afinal, elas são as nossas estrelas?, explica Daniel. E mais. Também está prevista a abertura de novos pontos-de-venda. Ele não revela detalhes da expansão. Adianta, apenas, que quer distância dos shopping-centers. ?As lojas de rua têm uma relação investimento-receita mais atraente?, justifica.

 

Daniel divide com a irmã, Débora, e o cunhado, Silvio, a tarefa de levar à frente o pequeno império fundado pelo pai, Jules Roger Sauer. Nascido na França, ele imigrou para o Brasil em 1939. Aos 85 anos, o patriarca não participa do dia-a-dia dos negócios. Mas nem por isso deixa de dar seus pitacos. ?Ele faz parte do conselho de administração?, conta Daniel. Assim como o pai, ele também é fascinado por pedras preciosas. Graduado em geologia, com especialização em gemologia, nos Estados Unidos, o executivo estima que o sucesso da grife está na atuação verticalizada que garante rígido controle em todas as etapas: mina, lapidação, desenho e produção das peças. ?A qualidade é nosso maior trunfo?, diz. Como exemplo, ele cita que o molde para confecção do pingente de o filme O Diabo Veste Prada, foi refeito quatro vezes até que do pingente fosse obtida uma fôrma que garantisse leveza e suavidade à jóia.