11/06/2010 - 6:00
A escritora americana Karen Karbo não é nenhuma vítima da moda, mas sempre sonhou em ter um casaquinho criado por Coco Chanel. E foi motivada por esse desejo de consumo que Karen iniciou pesquisas sobre a vida da estilista francesa e acabou escrevendo o livro O evangelho de Coco Chanel, publicado recentemente no Brasil pela editora Seoman (à venda por R$ 29,90 em todo o País) e completando uma série de filmes e livros com essa temática lançados recentemente.
Exemplo: Chanel defendia um estilo de vida simples. e sua trajetória,
que vai da miséria ao sucesso, pode servir de inspiração para a mulher atual
Karen fala com bom humor de momentos da história de Chanel, das intrigas dos bastidores da moda ? como sua rivalidade com os estilistas Paul Poiret e Elsa Schiaparelli ? e de como sua trajetória de pobre menina abandonada pelos pais em um orfanato à personalidade mais poderosa de sua época pode servir de lição para a mulher contemporânea.
Com trechos irônicos e bem-humorados, a autora não teme polêmicas. Recrimina o seriado Sex and the city, dizendo que ele prega uma realidade inatingível para a mulher atual. Também critica Karl Lagerfeld, atual estilista da grife criada por Coco, ao falar que ?muito do que ele produz insulta a devoção de Chanel à simplicidade.? Com isso traz toques apimentados ao livro e aponta para discussões. ?Eu discordo da autora, acho até que Lagerfeld é uma reencarnação de Coco?, brinca a estilista e estudiosa de moda Paula Martins.
Moral da história: O evangelho de Coco Chanel traz dicas divertidas e
mostra que a elegância pode ser simples
Na trajetória que a levou a escrever (durante cerca de dois anos) o livro, Karen já publicou três romances e quatro trabalhos de não ficção. ?Eu venho de uma família de designers: minha avó era costureira nos anos 1940 e meu pai era designer industrial. A história de vida de Chanel sempre me cativou e percebi que havia muito da forma como ela vivia e de sua filosofia de vida que valia a pena imitar?, disse Karen à DINHEIRO.
Transpor os ideais chanelianos (como a própria autora diz) aos dias de hoje foi sua tarefa mais divertida, o que transparece em trechos como: ?O mínimo que se pode dizer é que ela era totalmente imune a compras por impulso, e essa já é razão suficiente para a saudarmos.? Ou ainda: ?De acordo com Chanel ?Nunca se deve falar de si mesmo, ou quase nunca. As pessoas devem adivinhar você?. Colocar o vídeo da sua operação de vesícula no YouTube é expor-se excessivamente. Informação em demasia nunca é feminino.?
Discípula: a autora Karen Karbo uniu autoajuda e biografia no livro. Estilo: os perfumes foram importantes legados de Coco
Além dessas pitadas de humor, o livro é dividido em 12 capítulos, e cada um mostra uma das lições deixadas pela estilista, como a audácia, o sucesso, o dinheiro, a feminilidade, a elegância e o estilo. Nesse último quesito, a francesa é indiscutível. ?Chanel foi a primeira mulher que sentiu as necessidades femininas de liberdade.
E o legado que ela deixou foi: respeite seu tipo físico, seu estilo de vida e seja firme nas suas decisões?, diz Paula Martins. ?Ela criou uma moda profunda, e foi uma revolução inominável?, completa. Segundo Karen, se hoje tivesse que apontar uma designer para interpretar corretamente o estilo Chanel, essa mulher seria Stella McCartney.
Numa esfera muito mais ampla do que a da moda, o que o livro mostra é que a influência de Chanel sobre as mulheres foi comportamental. ?Ser capaz de se mover pelo mundo facilmente e com conforto era um de seus princípios?, explica Karen. ?Mas de todas as lições que ela deixou, a mais importante é que tenhamos absoluta fé em nós mesmos e em nosso gosto?, conclui.