21/01/2009 - 8:00
MODA: Lagerfeld se mantém como diretor crativo das grifes Chanel, Fendi e Karl Lagerfeld
O QUE A CAMPANHA PUBLIcitária de uma marca de champanhes, a ilustração da capa de uma enciclopédia, roupas Chanel e um filme mudo têm em comum? Todas saíram das mãos, da visão e do poder criativo do estilista alemão Karl Lagerfeld. Conhecido como o kaiser da moda, ele acaba de completar 70 anos com um currículo que ultrapassa as fronteiras da alta-costura. Lagerfeld, que resgatou o glamour da Chanel nos anos 80, ataca em todas as frentes. Constantemente, ele, que acumula as funções de diretor criativo das grifes Fendi, Chanel e Karl Lagerfeld, surge em uma atividade nova, alardeando aos quatro ventos seus dons criativos. No mês passado, por exemplo, lançou um curta-metragem mudo sobre a vida de Coco Chanel, a lendária estilista que criou o vestido tubinho. Além de dirigir a produção, postada no site da grife, Karl é responsável por roteiro, cenário, edição e, claro, figurino. “Isso cria mais atratividade para o nome dele, pois mostra que é mais do que um estilista”, diz Luciano Deos, diretor-presidente do GAD, empresa especializada em avaliação de marcas. “É um homem multimídia que usa outras linguagens e tem uma proposta de valor mais profunda”, explica.
Em julho de 2007, ele foi chamado pela marca francesa Dom Pérignon para fotografar a campanha do champanhe Oenothèque 1993, estrelada pela top model Claudia Schiffer. Assim, colocou em prática uma de suas habilidades: a fotografia. As imagens capturadas por ele agradaram até aos mais céticos. “Lagerfeld é reconhecidamente uma pessoa que agrega peso e cultura às marcas, além de ser garantia de prestígio comercial”, diz a consultora de moda Gloria Kalil. Em meio à multiplicidade de papéis que assume, Lagerfeld ilustrou a caixa da enciclopédia Larousse de 2009 e pintou um autorretrato. Na capa do livro, ele desenhou uma mulher seminua com luvas azuis.
Ao fazer uma ilustração de moda, Lagerfeld parece voltar ao ano de 1954, quando, aos 16 anos, entrou para o universo da criação ao ser premiado em um concurso organizado pela Secretaria Internacional de Lã da França. O rascunho de um casaco feminino – mais tarde fabricado pelo célebre estilista Pierre Balmain – chamou a atenção dos jurados. E sua história com a moda estava apenas começando. Em 1965, foi chamado para colaborar com a grife italiana Fendi, na qual trouxe à tona o uso de peles de animais, material que se tornou forte característica da marca.
O interessante é que essa função não impede que ele se mantenha como diretor criativo da Chanel, cujo estilo clássico interpretou como ninguém. Não satisfeito, ele promove constantemente inovações na imagem da grife, como em novembro de 2008, quando criou uma moeda de ouro para celebrar os 125 anos do nascimento de Gabrielle “Coco” Chanel. O estilista, definitivamente, não faz isso por dinheiro. Afinal, ele poderia ter se aposentado em 2005, quando vendeu por US$ 27,5 milhões a grife que leva o seu nome, a Karl Lagerfeld, marca criada em 1984, para a americana Tommy Hilfiger. Seu lema de vida, dizem os mais próximos, é criar. Nada mais simbólico para mostrar que, como um Midas da moda, tudo o que ele toca vira ouro.