Cada um à sua maneira, e de acordo com os interesses nativos, tentou diagnosticar o mal e apontar o tratamento. Americanos culparam os chineses, e vice-versa, pela bagunça da valorização de moedas atreladas ao dólar. O ministro brasileiro, Guido Mantega, pregou o fim da hegemonia da moeda americana.

 

Europeus defenderam a volta do controle de capitais. Os EUA inovaram com a ideia de uma “banda indicativa” que controlaria os saldos de conta-corrente. Queriam o compromisso de todos os países participantes com uma estratégia conjunta. Mas não abriam mão de inundarem o mercado com bilhões de dólares para dar liquidez à sua economia.

 

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A velha tática imperialista do Tio Sam não convenceu. Radicais conservadores falaram ainda da volta do padrão-ouro, a disparatada ideia que vigorou entre o fim do século 19 e início da Segunda Grande Guerra, de vincular toda e qualquer valorização monetária à movimentação de ouro. 

 

É fato, não caberia hoje qualquer modelo do tipo, dado que a soma de riquezas de um país é agora avaliada por inúmeros outros fatores. Os emergentes começam a impor uma nova cadência de desenvolvimento e, talvez, por trás disso estejam as razões para o choque monetário em vigor, provocado de maneira deliberada ou não. 

 

O efeito dominó do avanço de países – tidos até então como dependentes – sobre o mundo rico está, decerto, assustando os tradicionais senhores da banca. O caminho para o entendimento passa necessariamente pela aceitação de que a roda da fortuna gira e que os benefícios desse movimento precisam ser democratizados entre os vários participantes do jogo. 

 

Esse será um desafio de postura especialmente para o presidente norte-americano, Barack Obama, que tem a missão de dar o tom do diálogo. Todos esperam que seja pela via do consenso e não da imposição. Do contrário, a briga pode ficar ainda mais feia.