17/11/2022 - 21:50
O experiente John Rodgerson, Chefe Executivo da Azul, afirmou no exterior que, apesar do Brasil ter uma pequena fração do tráfego aéreo mundial, o país é responsável por 85% dos processos contra companhias aéreas no mundo.
“A Azul ficou colocada como a empresa aérea mais pontual do Brasil 4 vezes este ano, e ainda assim temos 4 mil novos processos judiciais na área civil todos os meses”, afirma o CEO da companhia, no Fórum da Aviação da Skift, realizado nos EUA.
+ Três pessoas são condenadas à prisão perpétua por queda de avião na Ucrânia em 2014
Os custos com advogados, indenizações e reparações são refletidos no preço da passagem, que por sua vez inviabiliza até a entrada de novos concorrentes.
“Pode ter um juiz aleatório no meio do nada no Brasil, que irá tomar uma decisão. Eu sempre brinco que em cada bagagem que perdemos tem um vestido de noiva nela”, afirmou John, em brincadeira sobre o valor colocado por alguns passageiros sobre suas bagagens extraviadas, além de critica decisões divergentes de juízes, mesmo quando os casos são similares ou iguais.
Esta judicialização extrema, associada aos altos custos no país, o chamado “Custo Brasil”, também impedem a entrada de companhias de ultrabaixo-custo, como afirma John.
A reclamação é antiga, em 2019 houve um boom de escritórios de advocacia online, que começaram a oferecer o seu serviço para passageiros na base do “porta a porta”, que no caso acontece nas redes sociais, respondendo a comentários de reclamações nas publicações das companhias aéreas.
Com os cancelamentos por causa da pandemia e uma digitalização ainda mais forte dos processos judiciais, a prática se disseminou ainda mais e levou até o fechamento de alguns sites por exercício irregular da profissão, alegadamente por mercantilizar a advocacia, prometendo ganhos certos e não promover justiça.