13/07/2011 - 21:00
No entanto, desde a crise de 2008, seu valor de mercado vem derretendo. Este ano, mais uma vez, o recuo nos preços do aço no mercado internacional e a concorrência dos importados não só limaram as margens do setor como também derrubaram as ações na bolsa. A maior perda é da Usiminas PNA, que no ano sofreu um recuo de 27,4%. As outras duas gigantes também não ficam atrás. Enquanto a Gerdau tem queda de 26,1%, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) já acumula perdas de 24,5% em 2011. No mesmo período, o Ibovespa cai 9,7%. Os patamares atuais podem ser uma oportunidade para o investidor. “No momento, o cenário é bem complicado, com muitas dúvidas sobre a recuperação”, afirma Rodrigo Menon, sócio da Beta Adivsors.
O que os analistas concordam é que essas companhias são ativos excelentes e caíram demais. Dessa forma, quando houver uma recuperação, elas tendem a subir mais que outros setores. Quem comprar essas ações agora vai se aproveitar dos preços baixos e de uma expectativa de melhoria no longo prazo. A possibilidade do aumento do teto da dívida pública americana também deve aliviar a situação dessas companhias, na visão da Ativa Corretora. O problema é que não é possível prever quando isso vai ocorrer, e essa incerteza vai testar a têmpera dos investidores.
Quem vem lá
Nova mordida da Renar Maçãs
A catarinense Renar Maçãs, líder na produção de maçãs in natura no Brasil, quer captar R$ 16 milhões por meio da venda de 40 milhões de ações. Será uma emissão primária, de novas ações, que poderá diluir a participação dos atuais acionistas em até 26%, diz Nelson Andrade, diretor financeiro e de Relações com Investidores da Renar. O objetivo é levantar recursos para pagar a dívida de curto prazo, de R$ 5 bilhões. “Vamos equacionar as finanças com vistas ao custeio da próxima safra”, diz ele.
Fique de olho: a Renar depende de um único produto e por isso suas ações podem oscilar mais que a média do mercado
Educação financeira
Análise Técnica na Prática trata dos princípios básicos da análise gráfica. O analista técnico Eduardo Matsura ensina o investidor a comprar e vender suas ações usando as ferramentas de um profissional. (Editora Saraiva, 296 páginas, R$ 39)
Destaque no pregão
As duas pontas da Eletropaulo
As ações preferenciais da Eletropaulo subiram mais de 4% na segunda-feira 4, devido a rumores do mercado de que a BNDESPar, empresa de participação do BNDES, poderia vender suas ações na Brasiliana, companhia que possui 4,4% do capital da Eletropaulo. Procurado, o banco não comentou o assunto. A alta, porém, foi de curta duração. No dia seguinte, a Eletropaulo informou que a Associação Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não autorizou o reajuste de tarifas em 2011.
Palavra de analista
“As especulações sobre a saída da BNDESPar do capital da Brasiliana vêm ocorrendo há algum tempo, e não vão faltar interessados na Eletropaulo”, afirmam os analistas da Concórdia Corretora, em relatório. Um dos interessados poderia ser a paulista CPFL. Eles recomendam cautela com as ações devido às incertezas do cenário regulatório.
Xerife do mercado
Barrados na bolsa
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu o registro de companhia aberta de oito empresas. As barradas mais conhecidas são a fabricante de brinquedos Estrela e a Sanesalto Saneamentos. Segundo a autarquia, elas deixaram de cumprir obrigações periódicas por mais de 12 meses. Durante a suspensão, as empresas não podem negociar ações em nenhum mercado regulado pela CVM, mas ainda têm chance de se regularizar com a autarquia antes que os registros sejam cancelados definitivamente.
Touro x Urso
Em uma nova semana de perdas, o Ibovespa recuou 2,63%, entre segunda e quinta-feira. Houve uma expectativa de recuperação durante os seis pregões, entre os dias 27 de junho e 4 de julho, levando o Ibovespa a tentar alcançar os 64 mil pontos, mas o indicador não resistiu. Nesta semana, o dado mais esperado nos Estados Unidos é o resultado da balança comercial de maio, na terça 12. No Brasil, saem as vendas no varejo em maio, no dia 12, e pesquisa de emprego no dia 14.
Mercado em números
Direcional Engenharia
R$ 287,9 milhões – É o valor total dos lançamentos que a construtora e incorporadora Direcional Engenharia anunciou no segundo trimestre de 2011, aumento de 28,9% em relação ao mesmo período de 2010.
Les Lis Blanc
R$ 172,4 milhões - É a receita bruta não auditada da varejista Les Lis Blanc, no segundo trimestre de 2011, um crescimento de 45% na comparação com o mesmo período de 2010. As vendas brutas em lojas existentes há mais de um ano cresceram 11% em abril, 7% em maio e 33% em junho.
Dasa
R$ 23 milhões - É quanto a companhia de análises clínicas Diagnósticos da América S.A. (Dasa) pagou por dois laboratórios no interior de São Paulo. Desse total, R$ 11,8 milhões foram destinados à aquisição de 80% do capital da Previlab, em Piracicaba, e R$ 11,1 milhões foram utilizados na compra da totalidade do capital social da Cytolab, em Mogi das Cruzes.
Light
R$ 100 mil – É quanto a companhia elétrica Light deverá pagar por cada bueiro que explodir e causar morte ou dano ao patrimônio. O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado na semana passada após uma série de reuniões com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Pelo mundo
Dow Chemical anuncia acordo no Japão
A americana Dow Chemical anunciou uma joint-venture com a japonesa Ube Industries para a criação da Advanced Electrolyte Technologies. A nova empresa será controlada em igual proporção e produzirá material para fabricação de baterias de lítio. A primeira fábrica será construída nos Estados Unidos em 2012.
Portugal perde grau de investimento
A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou os ratings de longo prazo dos títulos portugueses. As notas perderam o título de “grau de investimento”, passando para “grau especulativo”. A ação é resultado de uma revisão iniciada em 5 de abril.
Sodexo promete crescimento em 2011
Perto do final de seu ano fiscal de 2011, que será encerrado em agosto, a empresa de serviços Sodexo reforçou suas projeções de crescimento para o período. Segundo a empresa, é esperado um aumento de 4,5% na receita e de 10% no lucro operacional, excluindo possíveis efeitos cambiais.
Personagem
Lupatech busca oscilar menos
A Lupatech está em plena virada. Desde junho, suas ações estão se recuperando: subiram 6%, embora ainda acumulem perda de 35% no ano. Mas a valorização recente sinaliza a mudança de rumo da empresa, que tem nova diretoria e melhorou seus resultados. Focada em conseguir novos contratos para ocupar sua capacidade ociosa e aumentar a parcela de serviços na receita, já reduziu o prejuízo de R$ 43,1 milhões, no último trimestre de 2010, para R$ 8,9 milhões no primeiro trimestre deste ano. O novo vice-presidente de finanças e diretor de relações com investidores, Alexandre Monteiro, falou à DINHEIRO:
Monteiro, diretor de RI: crescendo de forma estruturada
O investidor observa uma recuperação nos preços das ações da Lupatech após um longo período de baixa. Qual é a razão?
A Lupatech mudou a diretoria financeira e estamos comunicando ao mercado essa modificação. Estamos fazendo esse diálogo de forma mais estruturada. O mercado já viu a melhora dos resultados. Essa combinação da comunicação com a recuperação financeira deu espaço para que o mercado percebesse o valor da companhia. O resultado está longe da melhor marca histórica já alcançada, mas estamos crescendo de forma mais estruturada.
A Lupatech fez muitas aquisições nos últimos quatro anos. O investidor deve esperar um novo ciclo de expansão?
Expansão não é uma palavra feliz. É um momento de recuperação de resultados. Queremos readquirir a capacidade total da companhia. Já investimos para isso, mas essa capacidade ainda não foi utilizada em sua plenitude, em função do redirecionamento de investimentos. O que estamos olhando agora é a forma de retomar o nosso mercado. A Lupatech tem R$ 2,6 bilhões em pedidos de carteira (backlog), sendo que R$ 354 milhões serão realizados neste ano. Quando realizamos o backlog com a Petrobras, expandimos a companhia, mas não com aquisições e sim com a retomada do crescimento.
Quais são as expectativas para o futuro?
A expectativa é de uma importante recuperação calcada no aumento da utilização da capacidade ociosa. Este ano será bem melhor que 2010. Temos uma carteira de pedidos robusta, que passa a contribuir para a receita da empresa, a partir do segundo trimestre de 2012. Temos boas expectativas, também, à medida que a Petrobras volta a fazer os pedidos e demandar nossos serviços.
com Caio Moretto, Juliana Schincariol e Lilian Sobral