i147805.jpg

Bastava o humorista Rogério Cardoso (1937-2003) encarnar o personagem Rolando Lero, um dos grandes sucessos nos anos 90, para arrancar gargalhadas dos telespectadores. Simpático e sedutor, ele conseguia enrolar qualquer um e saía das mais variadas situações com classe. Para terror das empresas, esse tipo é mais comum do que se pensa. De olho nisso, João José da Costa, 68 anos, ex-executivo com 50 anos de experiência na área de recursos humanos em empresas como Kibon, HP, entre outras, escreveu o livro Como enrolar seu chefe e progredir na empresa (Matrix Editora, 128 pág, R$ 22). Com histórias divertidas, a obra disseca os mandamentos daquele tipo de profissional acostumado a “levar a vida na flauta”. “Quem gasta tempo no fumódromo da empresa é matador de horas, não tem classe”, diz Costa. “Enrolador com classe faz isso sem ninguém perceber e ainda é elogiado pelos chefes.”

i147810.jpg

E para os profissionais da enrolação não faltam técnicas minuciosas. Uma das artimanhas mais usadas é falar ao telefone. É comum encontrar pessoas que conversam ao telefone com a esposa sobre o churrasco do fim de semana como se estivessem negociando preços com algum fornecedor. O enrolador, diz Costa, mantém uma caneta e papel na mão e fala baixo para parecer concentrado. Há também os que proferem frases de efeito sobre assuntos que não têm a mínima ideia para ficar “bem na foto” – algo do tipo, “acho que a complexidade dos estudos efetuados cumpre um papel essencial na formulação das metas financeiras e administrativas”. “Dá para perceber se o profissional é enrolador na entrevista técnica”, diz Fábio Saad, gerente da Robert Half, consultoria de recursos humanos. Não é, contudo, fácil. O enrolador profissional é quase Ph.D em artes cênicas e chega a andar apressado pelos corredores da empresa só para acharem que ele está ocupado. “Sabe o que muitos pensam? Esse funcionário sempre passa correndo de lá para cá e sempre está com as mãos cheias de trabalho para entregar.

i147811.jpg

i147812.jpg

Ele deve ser muito dinâmico e atarefado”, diz Costa. A tecnologia, quem diria, é outra aliada dos enroladores. Ao mesmo tempo que os computadores trouxeram agilidade às empresas, eles se tornaram uma das ferramentas ideais para quem gosta de passar o dia inteiro em sites de relacionamento e salas de bate-papo fingindo que está trabalhando. Para a salvação das empresas, esses tipos de enroladores contumazes não são regra. “Mas atire a primeira pedra quem nunca enrolou”, diz Costa. Você concorda?

 i147807.jpg

i147808.jpg