George Papandreou, o premier grego, em nada se parece com o lendário herói.Aquiles dos épicos Ilíada e Odisseia mas quase provoca a sua própria “Guerra de Troia”, arrastando o mundo todo para uma tragédia econômica de proporções incontroláveis. Com a sua estabanada decisão de abrir um plebiscito sobre o plano de resgate do país, que custará bilhões aos cofres dos vizinhos, colocou em ameaça o futuro da zona do euro e despertou a ira planetária. Era um autêntico presente de grego, uma barbeiragem sem tamanho! De uma maneira ou de outra, o rompante de populismo de Papandreou não durou muito. 

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Foi sufocado pela ameaça de expulsão do seu país da União Europeia. Os compatriotas de Papandreou estão receosos sobre as medidas de arrojo em estudo para frear a crise, mas temem ainda mais o desembarque forçado da Grécia do bloco europeu. Irremediavelmente quebrados, dependentes da boa vontade alheia, os gregos se apegam à ideia de manter um status de desenvolvimento que não conseguem mais bancar. Papandreou tentou legitimar internamente o pacote de austeridade. Não havia mais tempo. Com a ameaça de contágio se alastrando rapidamente, ele está premido a aceitar o socorro financeiro internacional e, em contrapartida, entregar o corte de empregos em massa, venda de empresas estatais e toda a sorte de expedientes que mergulhará o berço da civilização num longo período recessivo. 

 

A saída para a Grécia hoje galvaniza as atenções globais. No encontro do G-20, em Cannes, mesmo os países emergentes estão sendo convocados a ajudar. Na cota do Brasil está previsto um aporte de recursos, de valor ainda não definido, em troca de maior influência nas decisões do FMI. É um movimento arriscado. O País precisa, antes de tudo, de um bom colchão de reservas para blindar-se contra as intempéries externas. Deve negociar caro qualquer concessão. Do contrário, com uma benevolência além da conta, pode virar o próximo a sair de porta em porta com o pires na mão.