A proposta feita pela Cosan, na manhã desta segunda-feira 24, para fundir seu braço logístico, a Rumo, com a América Latina Logística (ALL), rendeu alguns questionamentos por parte dos investidores na teleconferência realizada logo após o anúncio.  Entre os três principais pontos levantados pelo mercado estão a manutenção de contratos anteriores entre as duas empresas, os investimentos que poderão ser feitos pela Cosan e o impacto dos problemas de geração de caixa da ALL na nova companhia.

A pergunta sobre a manutenção de contratos anteriores é fruto da preocupação dos investidores com os problemas que as duas empresas enfrentam desde 2008, quando fizeram um acordo para o transporte de açúcar até o Porto de Santos e que, segundo a Cosan, não estaria sendo cumprido pela ALL. Marcos Lutz, presidente da Cosan, esclareceu que, caso a proposta seja aceita, nenhum acordo anteriormente estabelecido será mantido. “A partir do momento que a transação for efetivada, as companhias se tornam uma só. Deixa de fazer sentido que elas continuem operando com base em contratos passados.”

 

O surgimento da nova empresa vai dividir a Cosan em duas estruturas. A Cosan Energia será responsável pelos investimentos na Raízen, Comgás, Cosan Lubrificantes e Radar, enquanto a Cosan Logística ficará a cargo da nova empresa fruto da fusão entre a Rumo e a ALL. Segundo Marcelo Martins, vice-presidente Financeiro e diretor de Relações com Investidores da Cosan, a necessidade de separar os segmentos de atuação da Cosan entre energia e logística foi necessária por questão de alocação de dívidas e o risco entre as duas empresas.

 

Outro ponto levantado pelos investidores é se a dificuldade de geração de caixa da ALL não atrapalharia a nova empresa. Segundo Martins, a capacidade de geração de caixa da Rumo vai garantir que a empresa surja sem problemas neste sentido.  “O foco da nova empresa será ter retorno sobre capital empregado, afinal, a geração de caixa é decorrência disso.” Segundo Martins, a decisão de se unir à ALL vai incrementar a atuação da Cosan no segmento de logística e criar uma empresa competitiva. De acordo com Martins, a nova empresa terá capacidade de levantar recursos no mercado, porém, o investimento da Cosan na empresa não está descartado, desde que seja coerente com a estratégia de negócios do grupo.

  

O prazo para que a proposta seja avaliada pelo conselho da ALL é de até 40 dias e, posteriormente, passará pela aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)