De uma paulada só, o aumento da carga fiscal significa que os gregos pagarão em média um mês a mais de seus salários em impostos. Cento e cinquenta mil trabalhadores do setor público serão demitidos. Os benefícios da previdência, reduzidos. Aposentadorias terão um novo patamar de idade mínima.  Salários sofrerão redução de 15% em média. E a maioria das estatais será vendida. 

O drama da Grécia está a exigir um arrocho poucas vezes visto em uma nação europeia. A epopeia de sofrimentos por lá deverá durar anos – até 2015, pelo menos, segundo as estimativas mais conservadoras. O desfecho não poderia ser diferente. A indisciplina fiscal praticada há décadas e a ausência de uma política sustentável de desenvolvimento industrial minaram a economia interna.  O mundo acompanha com temor os desdobramentos da crise. O plano de injeção de mais 120 bilhões de euros pela banca internacional é uma medida de desespero para evitar o pior. 

 

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Faz pouco tempo, um programa de 110 bilhões de euros foi desenhado e não deu certo. Temerosa de um calote da dívida passada é que a Comunidade Européia articula agora o novo pacote de ajuda. A percepção geral é de que a moratória virá, de uma maneira ou de outra. Seja pela via da renegociação dos empréstimos, alongando os prazos de pagamento – nos moldes do que conseguiu o Brasil –, seja na base da ruptura pura e simples, como fez a Argentina. 

 

Nesse caso, será um novo cavalo de Troia a atacar a zona do euro e, por tabela, o restante da economia globalizada. O default da Grécia, que sempre gastou mais do que podia, muda o eixo da economia global. Países como Brasil, China e Índia – a trinca de ouro dos emergentes – podem até sair ganhando nesse cenário com a migração de investimentos do Velho Continente para praças mais seguras como essas, que têm apresentado números reluzentes de crescimento. É a lógica perversa do capital.