08/12/2021 - 21:04
O comunicado do Copom desta quarta-feira, 8, mostra que os diretores que compõem o colegiado do Banco Central (BC) não vão brincar em serviço no objetivo de ancorar as expectativas de inflação no centro da meta.
A avaliação é de Gustavo Ribeiro, economista-chefe da ASA Investments, que concorda com a visão de colegas de que a mensagem do colegiado veio em tom mais duro – hawkish no jargão do mercado – do que o esperado ao mostrar, entre outras coisas, um incômodo grande com a desancoragem das expectativas.
Na interpretação dele, é como se o BC quisesse mandar um “pode esquecer” a quem acredita que a desaceleração da economia fará a Selic subir menos ou cair antes. “O BC mostra que a desinflação da economia não vai ser suficiente para cortar juros. Ele quer que as expectativas de longo prazo também convirjam para a meta. Deixou claro que não vai brincar em serviço”, avalia Ribeiro.
O resultado prático da estratégia, acredita o economista, é que o BC pode prolongar o ciclo de alta dos juros ou, após levar a Selic a seu objetivo, manter a taxa elevada por mais tempo, mesmo após o início do processo de desinflação.
O economista-chefe da ASA Investments diz que a previsão da casa continua em Selic chegando a 12% até março, mas existe a possibilidade de o prognóstico ser revisto para cima.