O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, mandou afastar Darci Alves Pereira da presidência do diretório municipal da legenda em Medicilândia, no interior do Pará. Darci confessou ter assassinado o ambientalista e seringueiro Chico Mendes com tiros de escopeta em 1988. Ele foi condenado pelo crime e atualmente se apresenta nas redes sociais como “Pastor Daniel”, pré-candidato a vereador no município. Valdemar tomou a decisão após o assunto vir à tona nesta terça-feira, 27.

Darci tomou posse no diretório do PL de Medicilândia no dia 26 de janeiro. Sua participação na sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi revelada pelo jornal ECO e confirmada pelo Estadão.

Em nota enviada à imprensa, Valdemar afirmou que mandou o presidente do PL paraense, o deputado federal Éder Mauro, destituir Darci do comando da sigla em Medicilândia. O dirigente disse também que descobriu pela imprensa o fato de o assassino confesso de Chico Mendes presidir o diretório municipal.

“Gostaria de esclarecer que não tinha conhecimento de que Darci Alves Pereira, que assumiu recentemente a presidência do PL de Medicilândia, no interior do Pará, é o mesmo indivíduo acusado do assassinato do ambientalista Chico Mendes. Agradeço à imprensa por trazer ao nosso conhecimento esse importante fato”, disse Valdemar.

Posse

O mandato de Darci como presidente do PL de Medicilândia era de um ano e começou a ter vigência em novembro, embora a cerimônia de posse tenha ocorrido só em janeiro deste ano. No evento, que foi realizado na Câmara Municipal da cidade, ele foi prestigiado pelo deputado estadual Rogério Barra (PL-PA), secretário executivo do diretório estadual da sigla.

Em uma postagem no dia da posse no PL de Medicilândia, ele conclamou os moradores a se filiar ao partido do ex-presidente Bolsonaro e disse que a cerimônia reuniu “patriotas”.

Medicilândia fica no sudoeste do Pará, a 900 quilômetros de Belém. Segundo estimativas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020, a cidade tem 31.975 habitantes. O Estadão procurou Darci Alves Pereira e o PL de Medicilândia, mas não obteve resposta.

Crime

Em 22 de dezembro de 1988, Darci e seu pai, o fazendeiro Darly Alves da Silva, participaram do assassinato de Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, em Xapuri, no Acre. O ambientalista, que era ameaçado de morte por causa do seu ativismo na defesa dos seringueiros, foi atingido por tiros de escopeta dentro de casa.

Darci admitiu que foi o responsável pelos disparos, enquanto que Darly, que era um grileiro de terras da região de Xapuri, foi o mandante do crime. Em 1990, os dois foram condenados a 19 anos de prisão. Eles chegaram a fugir da cadeia em 1993, mas foram recapturados em 1996.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.