Um asteroide realmente ajudou a extinguir os dinossauros há 66 milhões de anos, no final do período Cretáceo? Alguns cientistas argumentam que imensas erupções vulcânicas foram a principal causa desse evento de extinção em massa. Estudo publicado na última segunda (12/9), no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, diz que a atividade vulcânica parece ter sido o fator chave na morte dos dinossauros.

Segundo os pesquisadores, quatro das cinco extinções em massa do passado de nosso planeta coincidem com um tipo de atividade vulcânica chamada inundação de basalto. Essas erupções são capazes de cobrir com lava imensas áreas – até mesmo um continente inteiro – em apenas um milhão de anos.

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Em uma escala de tempo geológico, trata-se de apenas um “piscar de olhos”. A inundação deixa como evidência extensas regiões de rocha ígnea em forma de degraus (lava solidificada) que os geólogos chamam de “grandes províncias ígneas”.

Como explica o site americano SciTechDaily, para ser considerada uma grande província ígnea, ela deve ter pelo menos 100.000 km³ de magma (um km³ é igual ao volume de 400.000 piscinas olímpicas). A erupção do monte Santa Helena, no estado de Washington (EUA), ocorrida em 1980, envolveu menos de um km³ de lava. Segundo os pesquisadores, a maioria das erupções retratadas no estudo envolveram cerca de um milhão de vezes mais magma do que esse evento de nossa história recente.

“As grandes áreas de rocha ígnea dessas grandes erupções vulcânicas parecem se alinhar no tempo com extinções em massa e outros eventos climáticos e ambientais significativos”, comenta o pesquisador Theodore Green, da Universidade de Princeton (EUA), principal autor do estudo, citado pelo site americano.

De fato, uma série de erupções na atual Sibéria desencadeou a mais destrutiva das extinções em massa há cerca de 252 milhões de anos, liberando um imenso volume de dióxido de carbono na atmosfera que quase sufocou toda a vida em nosso planeta. Isso pode ser observado na região chamada “trapps siberianos”, uma grande rocha vulcânica do tamanho da Austrália.

As erupções também abalaram o subcontinente indiano na época da grande extinção dos dinossauros, formando o que hoje é conhecido como o planalto do Deccan. Esse fenômeno geológico, somado ao asteroide, teria efeitos globais de longo alcance, cobrindo a atmosfera com poeira e fumaça tóxicas, sufocando dinossauros e outras formas de vida, além de alterar o clima em larga escala, revela o SciTechDaily.

Por outro lado, as teorias favoráveis à aniquilação dos répteis gigantes pelo impacto de asteroide se baseiam na enorme cratera de Chicxulub, na península de Yucatán, no México, formada na mesma época em que os dinossauros foram extintos.

Vulcanismo como explicação

No estudo atual, foi usada uma maneira diferente de quantificar a ligação entre erupções vulcânicas e as extinções em massa, testando se a coincidência era apenas um acaso ou se havia evidências de relação causal. Os cientistas compararam os melhores dados disponíveis sobre erupções de inundação de basalto e períodos de extermínio drástico de espécies na escala de tempo geológica, incluindo, mas não se limitando às cinco famosas extinções em massa.

Para provar que não se tratava de algo aleatório, eles examinaram se as erupções se alinhariam tão bem com um padrão gerado e simularam o cenário com 100 milhões desses padrões. Eles descobriram que a coincidência com os períodos de extinção era muito maior do que o acaso.

“Embora seja difícil determinar se uma explosão vulcânica específica causou determinada extinção em massa, nossos resultados tornam difícil ignorar o papel do vulcanismo na extinção”, diz o pesquisador Brenhin Keller, da Faculdade Dartmouth (EUA), outro autor do estudo, também citado pelo SciTechDaily.

Em vez de considerar a magnitude absoluta das erupções, os cientistas ordenaram os eventos vulcânicos pela taxa de lava expelida. Eles descobriram que os fenômenos geológicos com as maiores taxas de erupção de fato causaram a maior destruição, produzindo extinções mais severas.

Os cientistas também analisaram os impactos de asteroides. A coincidência dessas colisões com períodos de troca de espécies foi significativamente menor e praticamente insignificante quando o impacto em Chicxulub não foi considerado. Isso sugere que outros objetos espaciais menores conhecidos não causaram extinções significativas.

De acordo com Theodore Green, citado pelo site americano, a proporção da erupção em Deccan, na Índia, sugere que os efeitos gerados causariam uma extinção generalizada mesmo sem o asteroide. O impacto da rocha espacial foi uma espécie de golpe final, que carimbou a sentença de morte dos dinossauros.