13/05/2025 - 8:28
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira, 13, a ata da sua última reunião, na qual decidiu elevar a taxa básica de juros em 14,75%, reafirmando que em razão do “cenário de elevada incerteza” optou por deixar em aberto o que fará na reunião de junho.
Ao subir de 14,25% para 14,75%, a Selic atingiu o maior patamar já registrado no Brasil desde 2006.
“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, diz trecho da ata.
“O Comitê se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, acrescentou.
O documento aponta ainda que as expectativas de inflação seguem acima da meta de 3% em todos os horizontes, o que torna o cenário mais adverso. “Na discussão sobre o tema das expectativas de inflação, a principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Comitê foi de que, em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”, afirma o comitê.
Veja aqui a íntegra do comunicado do Copom.
Repercussão
O mercado passou a trabalhar com o cenário de que o ciclo de alta de juros se encerrou e projeta que a Selic ficará no patamar de 14,75% até o final do ano, segundo o último boletim Focus.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o Copom continuou demonstrando insatisfação com a inflação, mas sugeriu que os canais de transmissão da política monetária impactarão os preços em breve.
“Essa conclusão pode ser extraída da linha lógica traçada pelo BC ao descrever que a atividade já mostra sinais de moderação, o crédito atingiu um ponto de “inflexão” e até mesmo o mercado de trabalho deverá apresentar arrefecimento. Assim, com a etapa inicial dos impactos da contração da política monetária já mostrando sinais claros, é natural considerar que a manutenção da taxa de juros em patamar contracionista será suficiente para que os efeitos se propaguem até a inflação”, avalia o economista.
Já para o o economista-chefe da XP, Caio Megale, com a mudança fica evidente que os membros do Copom consideram esse balanço “menos assimétrico” do que anteriormente. “Acreditamos que as pressões inflacionárias domésticas –incluindo medidas fiscais recentes de estímulo ao crescimento e expectativas de inflação desancoradas– acabarão por convencer o Copom a realizar um último aumento de 0,25 ponto percentual em sua próxima reunião”, disse.
Em relatório produzido após a ata, o Goldman Sachs afirmou ter mantido sua projeção de aumento de 0,25 ponto percentual na Selic em junho, dados os desenvolvimentos de tarifas externas, projeções de inflação muito acima da meta, recentes dados desfavoráveis de inflação, riscos de alta para os preços e sinais de que a atividade permanecerá forte no curto prazo.
*Com informações da Reuters