O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira, 13, a ata da sua última reunião, na qual decidiu elevar a taxa básica de juros em 14,75%, reafirmando que em razão do “cenário de elevada incerteza” optou por deixar em aberto o que fará na reunião de junho.

Ao subir de 14,25% para 14,75%, a Selic atingiu o maior patamar já registrado no Brasil desde 2006.

“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, diz trecho da ata.

“O Comitê se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, acrescentou.

O documento aponta ainda que as expectativas de inflação seguem acima da meta de 3% em todos os horizontes, o que torna o cenário mais adverso. “Na discussão sobre o tema das expectativas de inflação, a principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Comitê foi de que, em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”, afirma o comitê.

Veja aqui a íntegra do comunicado do Copom.

Mercado avalia que ciclo de alta se encerrou

O mercado passou a trabalhar com o cenário de que o ciclo de alta de juros se encerrou e projeta que a Selic ficará no patamar de 14,75% até o final do ano, segundo o último boletim Focus.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o Copom continuou demonstrando insatisfação com a inflação, mas sugeriu que os canais de transmissão da política monetária impactarão os preços em breve.

“Essa conclusão pode ser extraída da linha lógica traçada pelo BC ao descrever que a atividade já mostra sinais de moderação, o crédito atingiu um ponto de “inflexão” e até mesmo o mercado de trabalho deverá apresentar arrefecimento. Assim, com a etapa inicial dos impactos da contração da política monetária já mostrando sinais claros, é natural considerar que a manutenção da taxa de juros em patamar contracionista será suficiente para que os efeitos se propaguem até a inflação”, avalia o economista.