A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Baco Central), que na semana passada elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano, reforça a comunicação de o BC pretende interromper o ciclo de alta da Selic.

O texto sinaliza ainda uma manutenção do atual patamar de 15% “por período bastante prolongado”, reforçando a leitura do mercado que um ciclo de cortes só deverá ter início a partir de 2026.

“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz a ata.

Segundo o documento, o comitê optou por elevar a Selic, “avaliando que a economia ainda apresenta resiliência, o que dificulta a convergência da inflação à meta e requer maior aperto monetário”.

O BC ressaltou que o cenário “segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”.

“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, destaca o documento.

Veja aqui a íntegra da ata do Copom.

O BC afirmou também que o recente debate sobre reformas fiscais estruturais e redução de incentivos tributários podem impactar os juros no país. “O debate mais recente, com ênfase na dimensão estrutural do orçamento fiscal e na redução ao longo do tempo de gastos tributários, tem potencial de afetar a percepção sobre a sustentabilidade da dívida e de ter impactos sobre o prêmio da curva de juros”, disse a ata.

Repercussão

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o BC manteve o tom duro do comunicado do dia da decisão do Copom, mostrando-se confiante quanto à necessidade de manter o juro inalterado “por um período suficientemente prolongado” até que haja a convergência da inflação para a meta.

O centro da meta perseguida pelo Banco Central para 2025 é de um IPCA de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

“O BC duro reforça a perspectiva de que a Selic permanecerá em 15% por um longo período, cenário que adotamos até meados do ano que vem”, avaliou.

Para o Itaú, a recorrência da expressão de que a política monetária deverá permanecer em terreno restritivo por “um período bastante prolongado” sugere que o BC pode estar tentando sinalizar um número mínimo de reuniões antes de iniciar a flexibilização.

O banco lembra que em episódios recentes (2015 e 2022), quando a redação era “período suficientemente longo”, a Selic ficou em pausa por 9 e 7 reuniões, respectivamente.