23/06/2020 - 10:25
O Comitê de Política Monetária (Copom) usou a ata da sua 231ª reunião para reforçar que as próximas decisões de juros serão tomadas com cautela, mirando na velocidade da recuperação da economia brasileira e os seus efeitos sobre o cenário prospectivo de inflação. A avaliação é do economista-chefe do Haitong, Flávio Serrano.
“É um documento que não trouxe surpresas e, em linhas gerais, reforçou a mensagem do comunicado: estamos próximos de um suposto limite de queda para a taxa de juros no Brasil, mas o cenário é incerto e há chance de uma piora adicional. E eventuais cortes adicionais serão conduzidos com cautela, se forem necessários”, afirma Serrano.
Para o economista, o documento mostrou unanimidade do Banco Central (BC) na preocupação com um limite mínimo para a taxa Selic. Ele chama atenção de que, nesta ata, foi retirada a menção a um membro do Copom que duvidasse da existência da fronteira mínima. A discussão esteve presente na minuta da reunião anterior.
De acordo com Serrano, a leitura do documento também mostrou que a autoridade monetária considera que há um risco de a atividade se recuperar mais rápido do que o esperado e pressionar a inflação. Por isso, o BC deve observar de perto os dados de atividade até a próxima reunião do Copom e quaisquer novos passos vão depender da evolução do cenário.
“A questão é que a ata não trouxe informações novas em termos de condução de política monetária, porque foi muito parecida com o comunicado. Quem leu o comunicado e achou que o BC não iria cortar mais, continua achando. E quem já esperava um novo corte também teve sua visão reforçada”, afirma o economista.
No cenário do Haitong, o fim do ciclo de afrouxamento monetário aconteceu em junho e a Selic deve continuar em 2,25% até o fim de 2020. “Mas, como o BC colocou essa dependência da retomada, é o que o mercado vai ficar observando, coletando informações para ver onde vamos parar. O call para o próximo Copom só vai se formar muito perto da reunião”, explica Serrano.