A boas estréias de empresas no pregão da Bovespa no ano passado estão atraindo diversas companhias para abertura de capital. Algumas, no entanto, ficam frustradas quando começam a sondar o mercado: bancos, corretoras e investidores institucionais costumam torcer o nariz para emissões abaixo de R$ 100 milhões, consideradas de pequeno valor. Agora, a Bovespa planeja criar um mercado de acesso, uma espécie de primeiro estágio para essas companhias menores. É a ?Bolsa-light?. O novo pregão terá regras especiais, diferentes do tradicional: ele concentrará num mesmo dia e horário as ordens de compra e venda dos ativos. O objetivo é reduzir o problema de falta de liquidez dos papéis, que inviabilizaria a operação comum. No ambiente dos iniciantes, os papéis deverão ser negociados em leilões pré-determinados, realizados várias vezes ao longo do dia. O que as ações dessas empresas representarão para o investidor? A possibilidade de ganhos maiores em função da valorização sobre o preço de lançamento. Por serem novatas no pregão, seu rendimento pode surpreender, a exemplo do que já ocorre com os papéis de segunda linha. O risco, porém, é maior, uma vez que os negócios na Bovespa continuarão concentrados em ações tradicionais.

A meta da Bolsa é iniciar o funcionamento do mercado de acesso no primeiro trimestre de 2005. Por enquanto, estuda-se a criação de níveis diferenciados de abertura de capital conforme o tamanho das companhias. ?O mercado de acesso será mais um degrau de apoio ao desenvolvimento de empresas nacionais?, diz Maria Helena Santana, superintendente de Relações com Investidores da Bovespa. Segundo ela, essas empresas serão pressionadas a adotar, gradativamente, práticas de boa governança corporativa.

Quatro empresas que, no ano passado, informaram estar dispostas a abrir capital são candidatas naturais a esse ambiente de negociações. Grupo CSU (de meios de pagamento eletrônico), Waytec (uma das maiores fabricantes brasileiras de monitores), Nutrella (indústria de alimentos) e RM Sistemas (de softwares corporativos) se apresentaram a investidores em novembro passado e confirmaram seu interesse no mercado acionário. ?A Bolsa é o
destino que estamos perseguindo desde o ano passado e onde queremos chegar ainda em 2005?, diz Rooney Silva, diretor-geral do Grupo CSU. Com previsão de faturar R$ 400 milhões em 2005, a holding pretende fazer sua primeira emissão no valor de R$ 100 milhões. 

NOVAS BLUECHIPS
Duas companhias candidatas à futura ? Bolsa-light?

 

Grupo CSU – Soluções de pagamento eletrônico
Faturamento: R$ 250 milhões

Empresa WayTec – Fabricante de monitores
Faturamento: R$ 65 milhões