18/03/2015 - 22:05
Dezenove pessoas, incluindo 17 turistas estrangeiros, foram mortos nesta quarta-feira em um ataque contra o Museu do Bardo em Túnis, o primeiro ato contra estrangeiros desde a revolução tunisiana.
Em declarações à TV, o premiê tunisiano, Habib Essid, disse que entre os turistas mortos há “quatro italianos, um francês, dois colombianos, cinco japoneses, um polonês, um australiano e uma espanhola”. Por enquanto desconhece-se a nacionalidade de duas vítimas.
Essid informou que no ataque também morreram dois tunisianos: um policial e um motorista de ônibus.
O presidente François Hollande anunciou que entre os mortos há dois cidadãos franceses; e que outros sete ficaram feridos.
O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, informou que há dois espanhóis entre os mortos, mas que apenas um foi identificado.
Já o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pôde confirmar apenas três japoneses mortos e outros três feridos.
A chancelaria da Colômbia confirmou os dois colombianos mortos, “uma mãe e seu filho que faziam turismo no país” com o pai.
O premiê tunisiano informou que os atacantes, vestindo uniforme militar, abriram fogo contra os turistas, enquanto estes desciam de ônibus, antes de persegui-los dentro do prédio. Uma centena de turistas estava no museu quando “dois homens ou mais, armados com kalashnikov” lançaram o ataque.
As autoridades informaram que os dois atacantes morreram durante o ataque, no qual 44 pessoas ficaram feridas.
Este ataque terrorista, segundo o ministério do Interior, afeta o país pioneiro da Primavera Árabe que, ao contrário dos demais Estados que viveram movimentos contestatórios em 2011, conseguiu escapar até então da onda de violência ou de repressão.
“A operação terminou”, anunciou o porta-voz do ministério Mohamed Ali Arui às 15H00 GMT (12h00 de Brasília), quatro horas após o início da crise.
“Vimos que não eram foguetes, mas terroristas que atiravam em todo o mundo que caminhava pela praça. Depois entraram no museu’, disse à rádio espanhola Cadena Ser, Josep Lluis Cusidó, um turista que sobreviveu ao ataque.
O turista disse que depois conseguiu se refugiar atrás de uma coluna e que precisou ficar no chão por três horas.
Uma funcionária do museu disse ter ouvido “intensos disparos” por volta do meio-dia.
“Meus amigos gritavam: ‘fujam, fujam, são tiros'”, relatou à AFP Dhuha Belhaj Alaya.
No Parlamento, ao lado do museu, o pânico imperou quando os tiros foram ouvidos, informou a deputada Sayida Ounissi em seu Twitter. O tiroteio ocorreu “durante a audiência das forças armadas sobre a lei anti-terrorismo”, com a presença do “ministro da Justiça, juízes e vários oficiais do exército”, disse ela. Os trabalhos da casa foram suspensos.
O governo dos Estados Unidos condenou o atentado e expressou sua solidariedade com o povo do país.
“Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes possíveis o ataque terrorista de hoje no Museu do Bardo na Tunísia”, indicou o secretário de Estado John Kerry em um comunicado.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também condenou o que chamou de deplorável ataque contra o museu tunisiano e transmitiu suas profundas condolências às famílias das vítimas.
O ministério das Relações Exteriores italiano, citado pelas agências italianas, informou que dois italianos ficaram feridos e muitos estão sob a proteção da polícia. Alguns turistas presentes viajavam no cruzeiro Costa, que faz escala no porto de Túnis.
Já o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, lamentou em seu Twitter a “morte de 2 colombianos em Túnis e oferecemos condolências a sua família”.
O presidente da Tunísia, Beji Caid Essebsi, visitou o hospital Charles Nicole de Túnis, onde os feridos foram hospitalizados, de acordo com um jornalista da AFP.
“As autoridades tomaram todas as medidas para garantir que tais atos nunca mais voltem a acontecer”, ressaltou à AFP.
Este ataque “visa a nossa economia”, declarou Mohsen Marzuk, conselheiro político do presidente, referindo-se a importância do setor do turismo no país.
Desde a revolução de janeiro de 2011, que depôs o presidente Zine El Abidine Ben Ali, a Tunísia viu crescer um movimento jihadista, responsável pela morte de dezenas de policiais e soldados, segundo as autoridades.
Ligado à Al-Qaeda, o Okba Ibn Nafaa Phalanx é considerado o principal grupo jihadista ativo no país, atuante na região do monte Chaambi, na fronteira com a Argélia.
Entre 2.000 e 3.000 tunisianos também teriam se juntado às fileiras jihadistas no exterior, principalmente na Síria, Iraque e Líbia. Quinhentos outros jihadistas tunisianos teriam retornado ao país e seriam, segundo a polícia, uma das maiores ameaças à segurança do país.
Tunisianos que combatem ao lado do grupo Estado Islâmico (EI), muito ativo na Síria e no Iraque, também ameaçaram sua terra natal nos últimos meses.
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